São Paulo, Terça-feira, 22 de Junho de 1999
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BANCOS

Pactual muda diretoria, e Fernandes está de saída

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

O Banco Pactual, um dos principais bancos de investimentos do país e um dos poucos que ainda é de capital nacional, está passando por mudanças no comando.
Luiz César Fernandes, último dos quatro principais fundadores que ainda continuava no banco, está de saída. Já deixou a presidência da instituição em abril e vai vender seus 14% de participação no capital do grupo.
Em seu lugar, assumiu Eduardo Plass, sócio que já tocava os negócios no dia-a-dia. Agora, Plass vai representar o Pactual institucionalmente, função que cabia a Fernandes até então.
"É o fim de um ciclo. Nesse tipo de associação é assim. Os sócios entram, aumentam sua participação e depois saem para abrir lugar para outros sócios. É o que vai acontecer comigo também", diz.
O Pactual é um tipo de sociedade conhecida como "partnership", em que cada sócio vale um voto no comitê do banco. Um funcionário vira sócio ao receber ações em troca de seu bom desempenho.
Ao final de cada semestre, as participações acionárias são ajustadas de acordo com o resultado da área de responsabilidade de cada um. A tendência é que os sócios mais jovens, mais ativos, cresçam na organização com o tempo. É o princípio da "meritocracia", como gostam de chamar seus participantes.
O Pactual surgiu em 83. Os principais fundadores eram Fernandes, Paulo Guedes, André Jacurski e Renato Bromfman. O último deixou a sociedade há 4 anos. Guedes e Jacurski desligaram-se oficialmente no ano passado.
No mercado financeiro circulavam há tempos rumores de desentendimentos entre Fernandes e os sócios mais jovens. O principal "adversário" de Luiz César Fernandes seria André Esteves.
Eduardo Plass nega esses rumores. "Não houve disputa interna. É tudo boato", afirma ele.
No ano passado já havia ocorrido um racha, que na época levou Fernandes a abrir mão do controle. Até então, ele tinha sozinho 51% das ações com direito a voto.
Para evitar a saída de sócios que ameaçavam fazê-lo, Fernandes concordou em reduzir sua participação a 14%, dividindo suas ações com outros sócios.
Uma das razões do descontentamento, na época, era o projeto de ingresso no varejo bancário que Luiz César Fernandes começou a implementar. O Pactual é um banco de investimento, que atende a grandes clientes, não tem agência ou talão de cheques.
Hoje, não resta muita coisa do projeto de varejo. O Banco Sistema, que foi comprado para servir de plataforma para o novo negócio, está desativado e poderá ser vendido. "Poderemos incorporá-lo ao banco, ou vender para algum estrangeiro que queira entrar no país", diz Plass.
As ações de Fernandes serão recompradas pelo próprio grupo.
Com sua saída, ficam como sócios principais André Esteves, Eduardo Plass, Gilberto Sayão e Marcelo Serfaty. Paulo Bilig, outro sócio expressivo, também deixou o banco recentemente.



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