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BANCOS
Pactual muda diretoria, e Fernandes está de saída
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O Banco Pactual, um dos principais bancos de investimentos do
país e um dos poucos que ainda é
de capital nacional, está passando
por mudanças no comando.
Luiz César Fernandes, último
dos quatro principais fundadores
que ainda continuava no banco,
está de saída. Já deixou a presidência da instituição em abril e vai
vender seus 14% de participação
no capital do grupo.
Em seu lugar, assumiu Eduardo
Plass, sócio que já tocava os negócios no dia-a-dia. Agora, Plass vai
representar o Pactual institucionalmente, função que cabia a Fernandes até então.
"É o fim de um ciclo. Nesse tipo
de associação é assim. Os sócios
entram, aumentam sua participação e depois saem para abrir lugar
para outros sócios. É o que vai
acontecer comigo também", diz.
O Pactual é um tipo de sociedade
conhecida como "partnership",
em que cada sócio vale um voto no
comitê do banco. Um funcionário
vira sócio ao receber ações em troca de seu bom desempenho.
Ao final de cada semestre, as participações acionárias são ajustadas
de acordo com o resultado da área
de responsabilidade de cada um. A
tendência é que os sócios mais jovens, mais ativos, cresçam na organização com o tempo. É o princípio da "meritocracia", como gostam de chamar seus participantes.
O Pactual surgiu em 83. Os principais fundadores eram Fernandes, Paulo Guedes, André Jacurski
e Renato Bromfman. O último deixou a sociedade há 4 anos. Guedes
e Jacurski desligaram-se oficialmente no ano passado.
No mercado financeiro circulavam há tempos rumores de desentendimentos entre Fernandes e os
sócios mais jovens. O principal
"adversário" de Luiz César Fernandes seria André Esteves.
Eduardo Plass nega esses rumores. "Não houve disputa interna. É
tudo boato", afirma ele.
No ano passado já havia ocorrido
um racha, que na época levou Fernandes a abrir mão do controle.
Até então, ele tinha sozinho 51%
das ações com direito a voto.
Para evitar a saída de sócios que
ameaçavam fazê-lo, Fernandes
concordou em reduzir sua participação a 14%, dividindo suas ações
com outros sócios.
Uma das razões do descontentamento, na época, era o projeto de
ingresso no varejo bancário que
Luiz César Fernandes começou a
implementar. O Pactual é um banco de investimento, que atende a
grandes clientes, não tem agência
ou talão de cheques.
Hoje, não resta muita coisa do
projeto de varejo. O Banco Sistema, que foi comprado para servir
de plataforma para o novo negócio, está desativado e poderá ser
vendido. "Poderemos incorporá-lo ao banco, ou vender para algum
estrangeiro que queira entrar no
país", diz Plass.
As ações de Fernandes serão recompradas pelo próprio grupo.
Com sua saída, ficam como sócios principais André Esteves,
Eduardo Plass, Gilberto Sayão e
Marcelo Serfaty. Paulo Bilig, outro
sócio expressivo, também deixou o
banco recentemente.
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