São Paulo, sábado, 22 de julho de 2006

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China retira dinheiro dos bancos para conter o PIB

Governo eleva depósito compulsório pela segunda vez em menos de dois meses

Economia chinesa teve expansão de 11,3% no segundo trimestre, o que reacendeu o temor de superaquecimento do país

DA BLOOMBERG

Pela segunda vez em menos de dois meses, a China restringiu a concessão de empréstimos pelos bancos, a fim de conter a economia, que disparou 11,3% no segundo trimestre.
O Banco Popular da China, nome oficial do banco central, decidiu ontem elevar em 0,5 ponto percentual, para 8,5%, a quantidade dos depósitos que os bancos têm de recolher compulsoriamente ao BC.
A mudança entrará em vigor no dia 15 de agosto. Imobilizados, esses recursos não podem ser usados na concessão de crédito. A medida vai retirar de circulação US$ 18,8 bilhões, mesma quantia que já havia sido "enxugada" no dia 16 de junho, quando o banco central elevou o depósito compulsório de 7,5% para 8%.
O governo chinês anunciou a decisão três dias depois de divulgar o resultado do crescimento do PIB do segundo trimestre, o maior em 11 anos. Nos primeiros seis meses de 2006, a economia chinesa teve expansão de 10,9% e reacendeu a preocupação com seu superaquecimento.
Dominado por instituições estatais, o setor bancário tem sido uma das principais fontes de combustível para o forte crescimento. Com enorme quantidade de dinheiro em caixa, ele concede empréstimos a baixo custo (a taxa de juros é de 5,85%) a outras estatais, que investem os recursos.
O problema é que muitos dos projetos financiados pelos financiamentos são inviáveis do pontos de vista econômico e irão alimentar a enorme pilha de créditos irrecuperáveis dos bancos estatais chineses.
Os investimentos tiveram alta de 30,9% no segundo trimestre, em relação a igual período de 2005. Com o aumento do depósito compulsório dos bancos, o governo quer limitar a capacidade das instituições de conceder novos empréstimos.
"O banco central está ficando mais agressivo do que antes", disse Ma Jun, economista-chefe do Deutsche Bank AG em Hong Kong. "O aperto vai continuar por pelo menos mais seis meses", acrescentou.
O presidente do BC chinês, Zhou Xiaochuan, vai drenar os recursos dos bancos num momento em que o superávit comercial recorde inunda o país de dinheiro e tensiona suas relações com os EUA e a Europa.
Zhou quer impedir que os US$ 3,98 trilhões em depósitos bancários chineses sejam emprestados para empresas e incorporadoras imobiliárias não-lucrativas, a fim de evitar falências, não-pagamento de empréstimos e inflação.
"O fato de eles terem tomado essa medida duas vezes em curto prazo significa que eles estão seguindo seriamente essa política", disse Huang Yiping, economista-chefe para a Ásia do Citigroup em Hong Kong.


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