|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Economia solidária move mais de R$ 6 bi
Mapeamento registra cerca de 19 mil iniciativas como associações e cooperativas, que surgem como resposta ao desemprego
No entanto, quase metade dos empreendimentos declara que o faturamento ainda é insuficiente para pagar todas as despesas
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Resposta dos trabalhadores à
crise do desemprego das últimas décadas, a economia solidária é um setor que avança em
silêncio e começa a esboçar números vultosos. Dados oficiais
mostram que foram mapeados
no país até agora 18.878 empreendimentos, que respondem por 1,574 milhão de postos
de trabalho. O faturamento, segundo as informações mais recentes, ultrapassa a casa de
R$ 6 bilhões por ano.
O raio-X do setor está sendo
elaborado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária,
que pretende fechar o ano com
o registro de 21 mil negócios.
"Quem trabalha junto, de
uma forma igualitária, são sócios. E compartilhar os resultados democraticamente faz parte da economia solidária", resume o secretário nacional de
Economia Solidária, Paul Singer, explicando o que é um empreendimento solidário. Ele
ressalta que os próprios empreendimentos muitas vezes
desconhecem a sua natureza
solidária.
Entre as várias formas de organização dos empreendimentos solidários, estão associações, cooperativas, empresas
autogestionárias, grupos de
produção, clubes de trocas, redes e centrais. Segundo o mapeamento da secretaria, hoje
quase 60% dos negócios têm
relação com movimentos sociais e populares, principalmente entidades comunitárias
ou sindicais.
Os números já coletados
apontam a expansão do setor
com maior força no Nordeste
-região que concentra 8.720
iniciativas.
Em todo o país, grande parte
dos negócios (11.243) começou
com recursos próprios dos trabalhadores, e uma boa parcela
(7.800) contou com a ajuda de
órgãos governamentais para a
sua estruturação.
Nos últimos 12 meses, os investimentos na economia solidária somaram R$ 246,7 milhões. De acordo com as informações da secretaria, quase
metade dos empreendimentos
opera com sede e equipamentos próprios, predominando os
negócios no setor rural.
Grande parte dos trabalhadores da economia solidária
dedicam-se à agricultura.
O milho é o principal produto
cultivado, seguido do feijão e do
arroz. Na lista das 50 principais
atividades da economia solidária, também aparecem empreendimentos relacionados à
reciclagem de sucata, confecções de roupas, intermediação
financeira e transporte de passageiros.
Remuneração
Apesar de mais de 60% dos
projetos comercializarem sua
produção, muitos ainda recorrem ao sistema de troca ou destinam seus produtos ao consumo próprio dos sócios, que, em
geral, trabalham diretamente
no negócio. Na maior parte dos
casos, a remuneração dessas
pessoas é de acordo com a produtividade do negócio. A média
é de R$ 159,97 mensais.
Há também os trabalhadores
não-sócios. Eles atuam em cargos de gerência, consultoria ou
assessoria, mas também podem estar ligados à produção
dos bens ou serviços. A remuneração desses trabalhadores,
em média, é mais alta que a dos
sócios: R$ 447,87.
Cerca de 14 mil negócios contam com até 50 participantes.
Os motivos mais apontados para a inserção dessas pessoas na
economia solidária são uma alternativa ao desemprego e o desejo de obter um rendimento
maior em um empreendimento associativo.
Mas o mapa do setor também
exibe dados pouco alentadores.
Mais de um terço das atividades (35%) está na informalidade. Além disso, quase metade
dos empreendimentos declara
que o faturamento verificado
no ano passado foi insuficiente
para pagar as despesas.
Foram 7.171 os que tiveram
sobra de recursos depois de
acertar todas as contas. Nos últimos 12 meses, os empreendimentos tiveram acesso a R$
325,6 milhões em crédito. O
número pode ser considerado
baixo, visto que são poucos os
que conseguiram obter financiamento no período (3.159).
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: "Atividade solidária se profissionalizou" Índice
|