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JORGE GERDAU JOHANNPETER
Energia para crescer
A energia está se tornando tão cara quanto a de países que não têm as mesmas condições favoráveis do Brasil
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NO MUNDO dos negócios, perder uma vantagem comparativa significa ocupar uma
posição menos competitiva no mercado internacional, o que se traduz
em perda de eficiência, redução de
margens financeiras e, conseqüentemente, menor geração de empregos. Essa situação faz parte da realidade da indústria nacional quando
se analisa a evolução dos custos de
energia nos últimos anos e o enorme
potencial hídrico do país.
Para ter uma idéia, países dependentes de petróleo e energia nuclear
e nações emergentes -como França, Estados Unidos, China e Índia-
oferecem preços de energia industrial menores do que o Brasil, onde a
tarifa cobrada do consumidor industrial cresceu 150% em sete anos,
índice muito superior ao da inflação
no mesmo período, na ordem de
50% a 60%. Isso se deve, principalmente, à criação de mais de dez novos encargos na última década, os
quais, somados aos tributos já existentes, representam 51% do valor da
tarifa de energia elétrica ou 100% do
custo real.
A energia elétrica se tornou um
elemento arrecadatório e também
um subsídio para a região Norte, onde a geração não está interligada ao
sistema elétrico nacional. Não podemos mais admitir a criação de novos
tributos, sob pena de condenar o
país a níveis de crescimento insuficientes. Além disso, os encargos
existentes precisam ser descontinuados com prazos previstos em lei,
restringindo a sua aplicação à destinação original, ou seja, impedindo a
migração dos recursos para outras
áreas.
A excessiva carga tributária também impacta dramaticamente os
novos investimentos em geração,
embora o governo federal tenha tomado algumas medidas para reduzir
os encargos sobre o imobilizado. O
resultado é que a energia está se tornando tão cara quanto a de países
que não têm as mesmas condições
favoráveis do Brasil e até são obrigados a importar energia. É preciso estimular investimentos nessa área, o que passa pela desoneração tributária de projetos de geração e transmissão.
No Brasil, a capacidade existente
de geração de energia elétrica, sob
controle estatal, foi financiada por
meio de empréstimos compulsórios
pagos por toda a sociedade, especialmente a indústria. Ao leiloar essa
energia, o governo precisa estabelecer patamares de preços que não
onerem novamente a população e
que estimulem o crescimento da indústria e do emprego. Cabe também
ao governo definir sua opção pela hidroeletricidade, por meio de atitudes que incluem a reserva imediata
das áreas de aproveitamento hídrico
e a agilização do processo de licenciamento ambiental. É dessa forma
que o Brasil poderá encontrar caminhos para sair da crise energética.
JORGE GERDAU JOHANNPETER , 70, é presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.
jorge.gerdau@gerdau.com.br
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