São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Mal-estar sobre citação a nazista está superado, dizem americanos

DE GENEBRA

Dois beijos e uma conversa amistosa. Foi o suficiente para pôr fim ao mal-estar entre Brasil e Estados Unidos causado pela referência a um ministro nazista feita no sábado pelo chanceler Celso Amorim, afirma a delegação americana. "O assunto está totalmente superado", disse à Folha Sean Spicer, porta-voz da representante do Comércio dos EUA, Susan Schwab.
Segundo Spicer, Amorim e Schwab conversaram no domingo à noite, durante o jantar oferecido pelo diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, aos ministros que estão em Genebra para a negociação desta semana. "Eles falaram no assunto e o colocaram para trás. É história", disse o porta-voz.
O "assunto" foi a polêmica citação feita por Amorim no sábado de uma frase de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler. Ao criticar a campanha de "desinformação" dos países ricos para jogar a culpa pelo impasse nas negociações nos emergentes, o ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que ela lembra Goebbels. "Uma mentira dita muitas vezes se torna verdade", disse Amorim.
A comparação causou irritação entre os americanos, que a consideraram "um insulto". No encontro de mais de uma hora ontem entre Schwab e Amorim, o assunto não foi sequer lembrado, segundo diplomatas dos dois países. Schwab, que é filha de sobreviventes do Holocausto, também preferiu não alimentar a polêmica durante a entrevista coletiva que concedeu na OMC. Mas fez uma observação indireta.
"Não é o momento nem a semana para voltarmos à velha retórica", Schwab. "Retórica feita para perpetuar velhas divisões e criar novas."
No dia anterior, Amorim tinha usado uma imagem semelhante às avessas, afirmando que os países ricos é que tentam dividir as nações em desenvolvimento.
Ontem, contudo, tanto brasileiros como americanos fizeram questão de colocarem a polêmica de lado e se concentrarem na verdadeira disputa. No segundo encontro entre Amorim e Schwab, mais dois beijos e a impressão de que tudo vai bem. Ao menos até a reunião de hoje, quando a negociação começará para valer. (MN)


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