São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Mercado já vê inflação superar o teto da meta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após quatro meses de elevações, a projeção do mercado financeiro para a inflação deste ano já supera o teto da meta fixada pelo governo. Segundo levantamento semanal feito pelo Banco Central, a estimativa média de analistas já está em 6,53%, contra 6,48% da pesquisa anterior. O objetivo do BC é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas se admite um desvio de até dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desde 2003 a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), não fica acima do teto da meta do governo.
A alta dos preços deve fazer que o BC mantenha os juros elevados por mais tempo do que se imaginava. Amanhã, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne e, segundo a pesquisa, a expectativa é de alta de 0,5 ponto percentual nos juros, o que levaria a taxa Selic a 12,75% ao ano.
O levantamento aponta que os juros devem subir para 14,5% ao ano até dezembro, voltando a cair em 2009. Há uma semana, apostava-se que a taxa começaria a recuar em abril. A nova pesquisa aponta para uma queda na Selic só a partir de agosto de 2009.
Segundo a pesquisa do BC, as projeções para o IGP-M e o IGP-DI neste ano -índices muito influenciados pelos preços no atacado- estão em 11,96% e 12,03%, o que indica pressão mais forte para repassar altas ao consumidor. Tais índices também são referência para reajustes de tarifas públicas e contratos de aluguel, o que vai pressionar a inflação para o consumidor. No levantamento, a estimativa para o IPCA em 2009 está em 5%.
A estimativa para o crescimento da economia não foi alterada. O PIB deve ter expansão de 4,8% neste ano e de 4% no próximo. A previsão para o aumento da produção industrial deste ano foi ligeiramente reduzida, de 5,50% para 5,45%.

IGP-M
Pressionado pela alta dos preços agrícolas no atacado, o IGP-M ficou em 1,79% na segunda prévia de julho, pouco abaixo da variação de 1,83% registrada no mesmo período de junho, segundo a Fundação Getulio Vargas. Com novos aumentos das cotações de soja (10,08% na segunda parcial de julho), bovinos (7,46%) e milho (12,43%), o IPA (Índice de Preços por Atacado) agrícola avançou 3,83% na segunda prévia de julho. No mesmo período de junho, a alta havia sido de 2,26%. A pressão dos bens agrícolas anulou o efeito positivo da desaceleração dos preços industriais no atacado. Altas de grãos como o milho (usado em rações) e dos bovinos rebateram no preço da carne -alta de 12,69% no atacado.


Colaborou a Sucursal do Rio


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