São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Oi agora anuncia crédito privado para comprar BrT

Itaú, Santander, Bradesco e ABN emprestarão juntos R$ 3,6 bi; BB dará R$ 4,3 bi

Condições de empréstimos da banca privada são semelhantes às do estatal; negócio ainda precisa de mudança na legislação

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

A Oi informou ontem, em comunicado ao mercado, a captação de mais R$ 3,6 bilhões para a compra da Brasil Telecom (BrT). O crédito será obtido por emissão de notas promissórias comerciais junto a quatro bancos privados: Itaú, Santander, Bradesco e ABN Amro.
Na semana passada, a operadora já havia anunciado um empréstimo de R$ 4,3 bilhões do Banco do Brasil, também para a compra da BrT. Reportagem da Folha, no dia 18, mostrou que a dimensão do empréstimo fugia dos padrões de crédito do banco estatal.
As condições dos dois empréstimos são semelhantes, segundo analistas. O crédito concedido pelos bancos privados terá remuneração de acordo com a variação do CDI (Certificado de Depósito Bancário, hoje em cerca de 12% anuais), mais "spread" de 1,6% ao ano.
No caso do Banco do Brasil, o custo será a variação do CDI mais "spread" de 1,30% ao ano -mas o BB diz que cobrará uma taxa de assistência financeira prestada na operação de compra da BrT, o que elevaria o custo final.
Além disso, a operação com os bancos privados está isenta de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por utilizar notas promissórias. O crédito com o BB foi obtido por meio de cédulas de crédito bancário, com incidência de IOF.
"São condições semelhantes, embora eu ainda ache que esse empréstimo de agora está um pouquinho mais caro. Mas não houve surpresa, a captação com os bancos privados estava prevista e faz parte da programação financeira", disse Beatriz Battelli, analista do banco Brascan.
O negócio Oi-BrT ainda depende de mudanças na legislação do setor. Anunciada no dia 25 de abril, a operação terá um custo total de cerca de R$ 13 bilhões. Além dos empréstimos do Banco do Brasil e dos quatro bancos privados, a Oi obteve crédito de R$ 2,5 bilhões do BNDES para a reestruturação societária da operadora. Por isso, a compra da BrT, estimulada pelo governo federal, foi alvo de críticas.
"Vejo como benéfico o excesso de participação do setor público. O diferencial de uma empresa grande é exatamente esse: o de possibilitar uma alavancagem maior", diz Maria Tereza Azevedo, analista de telecomunicações da corretora Link, que considera as condições do empréstimo privado semelhantes às do obtido com o Banco do Brasil.
Em nota divulgada na semana passada, a Oi informou que está analisando uma terceira captação para a compra da BrT -e não descarta recorrer ao mercado externo. Ao todo, a estimativa da operadora é levantar financiamento da ordem de R$ 11 bilhões para a operação.


Texto Anterior: Vinicius Torres Freire
Próximo Texto: Anatel estuda prorrogar consulta pública
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.