São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Bovespa se descola dos EUA e sobe 1,3%

Siderúrgicas e Petrobras são destaque; dólar cai a R$ 1,578

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com suas principais ações em alta, a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu se desgrudar do mercado norte-americano e encerrou o primeiro pregão da semana com valorização de 1,31%, a 60.771 pontos.
Apesar de positivo, o resultado é tímido diante das perdas acumuladas neste mês, que estão em 6,53%.
O mercado acionário americano não teve desempenho muito animador. A Bolsa de Nova York viu o índice Dow Jones encerrar com baixa de 0,25%. O setor farmacêutico teve pregão desfavorável, com quedas de 11,61% da Schering-Plough e de 6,24% da Merck.
A Bolsa eletrônica Nasdaq registrou recuo de 0,14%.
Até mesmo o setor bancário, que ajudou a Bolsa de Nova York nos últimos pregões, teve um dia fraco. Destaque apenas para as ações do Bank of America, que subiram 3,89%, após a instituição divulgar seu resultado trimestral (leia à pág. B9).
A retomada de alta do petróleo também não foi uma notícia muito boa para os pregões americanos. O barril do produto teve elevação de 1,68% ontem em Nova York, para ser negociado a US$ 131,04.
Para as ações da Petrobras, o movimento do petróleo foi um fator bem recebido. Suas ações subiram 2,21% (preferenciais) e 1,46% (ordinárias).
Mas o destaque do dia ficou com os papéis do setor siderúrgico, que responderam à recuperação das commodities no mercado internacional. As ações preferenciais da Gerdau subiram 5,21%, seguidas por Siderúrgica Nacional ON, com alta de 5,09%, e Usiminas PNA, que ganhou 3,08%.
Os papéis da Vale também conseguiram recuperar parte das recentes perdas acumuladas. A ação ON da companhia, que caiu 8,29% na semana passada, subiu 3,67% no pregão de ontem; já a ação PNA, que sofreu desvalorização de 6,49% na última semana, terminou com alta de 3,08%.

Inflação e juros
A piora nas projeções reveladas pela pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com cem instituições financeiras, não atrapalhou nem a Bolsa nem o câmbio. A pesquisa mostrou que o mercado elevou sua projeção para o IPCA no ano para 6,53%, contra 6,48% do levantamento anterior.
Mesmo assim, a maioria do mercado ainda prevê que a taxa Selic irá ser elevada em apenas 0,50 ponto na reunião do Copom que acaba amanhã.
"As expectativas de inflação estão subindo e dificilmente vai haver algum refresco. Mas espero que haja uma alta de 0,50 ponto na Selic e que a taxa esteja em 14% no fim de 2008. Se o Banco Central acelerar o ritmo agora, com alta mais forte da Selic, não seria fácil reduzi-lo depois", afirma Constantin Jancso, estrategista do banco Santander.
O dólar encerrou vendido a R$ 1,578, em queda de 0,69% -no mês, a depreciação está em 1,19%. A moeda americana está em seu menor valor desde 19 de janeiro de 1999.
O único segmento do mercado prejudicado pelo Focus foi o de juros futuros. Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as taxas terminaram pressionadas, com os investidores incomodados com a nova elevação nas expectativas para a inflação. No contrato DI (que mostra as projeções para os juros) que vence no fim do mês, a taxa foi de 12,46% para 12,54%. Já no contrato com resgate programado para a virada do ano, a taxa foi de 13,48% para 13,53% anuais.
"A política monetária funciona bem, mas seus efeitos levam algum tempo para serem sentidos", afirma Jancso.


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