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Cade diz que concorrência estatal pode prejudicar bancos
DA BLOOMBERG
O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), Arthur Badin, disse que o corte dos juros promovido pelos bancos estatais, na
tentativa de obrigar as outras
instituições a baixar o custo do
dinheiro, ameaça prejudicar o
setor bancário.
"Os bancos públicos cumprem um papel importante na
recuperação econômica", disse
Badin em entrevista em Brasília. "Mas é preciso tomar cuidado para que, a pretexto de aumentar a competição, não se
atinja o contrário no longo prazo, com precificação irracional
dos juros onde há possibilidade
de efetiva competição."
As autoridades brasileiras,
inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conclamaram
os bancos a aumentarem a concessão de empréstimos e a reduzirem o custo do financiamento depois da crise do crédito do ano passado. Caixa Federal, Banco do Brasil e BNDES
reduziram suas taxas.
"A decisão dos bancos públicos de reduzir juros foi eminentemente política, e não resolve
problemas estruturais, por
exemplo, a inadimplência e a
curva de juros futuros no Brasil", afirma André Perfeito, economista da corretora Gradual
CCTVM Ltda.
"Pode até conseguir efeito no
curto prazo, mas no longo prazo poderá ser menos eficiente e
mais custosa", diz ele.
Aldemir Bendine, que assumiu como presidente do Banco
do Brasil em abril, anunciou em
maio ter expandido o crédito à
pessoa física em R$ 13 bilhões,
reduzido as taxas sobre o crédito ao consumidor e para a compra da casa própria e alongado
o vencimento dos empréstimos
para a compra de automóveis,
na tentativa de revitalizar os
gastos do consumidor no país.
O aumento dos empréstimos
pessoais beneficiou 10 milhões
de clientes, aproximadamente
um terço do total do cadastro
total do banco.
O Brasil também reduziu sua
Taxa de Juros de Longo Prazo,
usada como referência para
empréstimos feitos pelo
BNDES, para o recorde de baixa de 6% no mês passado.
A parcela de crédito em aberto dos bancos públicos subiu
para 37,8% em junho, em relação aos 34,2% de setembro do
ano passado, segundo dados do
Banco Central.
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