São Paulo, quarta-feira, 22 de julho de 2009

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Cade diz que concorrência estatal pode prejudicar bancos

DA BLOOMBERG

O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Arthur Badin, disse que o corte dos juros promovido pelos bancos estatais, na tentativa de obrigar as outras instituições a baixar o custo do dinheiro, ameaça prejudicar o setor bancário.
"Os bancos públicos cumprem um papel importante na recuperação econômica", disse Badin em entrevista em Brasília. "Mas é preciso tomar cuidado para que, a pretexto de aumentar a competição, não se atinja o contrário no longo prazo, com precificação irracional dos juros onde há possibilidade de efetiva competição."
As autoridades brasileiras, inclusive o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conclamaram os bancos a aumentarem a concessão de empréstimos e a reduzirem o custo do financiamento depois da crise do crédito do ano passado. Caixa Federal, Banco do Brasil e BNDES reduziram suas taxas.
"A decisão dos bancos públicos de reduzir juros foi eminentemente política, e não resolve problemas estruturais, por exemplo, a inadimplência e a curva de juros futuros no Brasil", afirma André Perfeito, economista da corretora Gradual CCTVM Ltda.
"Pode até conseguir efeito no curto prazo, mas no longo prazo poderá ser menos eficiente e mais custosa", diz ele.
Aldemir Bendine, que assumiu como presidente do Banco do Brasil em abril, anunciou em maio ter expandido o crédito à pessoa física em R$ 13 bilhões, reduzido as taxas sobre o crédito ao consumidor e para a compra da casa própria e alongado o vencimento dos empréstimos para a compra de automóveis, na tentativa de revitalizar os gastos do consumidor no país.
O aumento dos empréstimos pessoais beneficiou 10 milhões de clientes, aproximadamente um terço do total do cadastro total do banco.
O Brasil também reduziu sua Taxa de Juros de Longo Prazo, usada como referência para empréstimos feitos pelo BNDES, para o recorde de baixa de 6% no mês passado.
A parcela de crédito em aberto dos bancos públicos subiu para 37,8% em junho, em relação aos 34,2% de setembro do ano passado, segundo dados do Banco Central.


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