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Luz é mais cara no Brasil do que nos EUA
83,8% da energia no país vem de hidrelétricas, que é mais barata que a produzida por termelétricas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os brasileiros pagam tarifas
de energia mais altas do que as
cobradas nos Estados Unidos e
no México, países que usam
proporcionalmente mais termelétricas, usinas que produzem energia mais cara que hidrelétricas, utilizadas para gerar a maior parte da energia
consumida no Brasil.
De acordo com ranking, feito
em 2005 pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla
em Inglês), o Brasil estaria em
19º lugar em uma lista que elenca as tarifas cobradas em 29
países. O ranking originalmente não inclui o Brasil. O país foi
posicionado no ranking pela reportagem, considerando a tarifa média oficial calculada pela
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) e a taxa média
de câmbio do ano passado.
Em 2005, de acordo com a
Aneel, o consumidor residencial pagou, em média, R$ 0,291
por kWh (quilowatt-hora).
Usando a taxa média de câmbio
do ano passado (R$ 2,43, segundo o Banco Central), resulta que a tarifa média no Brasil
foi de US$ 0,1198 por kWh, a
mesma cobrada na Turquia. O
ranking dos maiores preços é liderado pela Dinamarca (US$
0,3036 por kWh).
De acordo com a pesquisa da
IEA, o Brasil é o segundo maior
produtor de energia hidrelétrica do mundo, atrás apenas do
Canadá -país que detém a terceira energia elétrica mais barata da lista.
Em relação à participação da
energia hidrelétrica, o Brasil
também está em segundo lugar,
com 83,8% da energia gerada
por hidrelétricas. Em primeiro
lugar está a Noruega (98,9%),
que aparece, no ranking de preços, com a segunda energia
mais barata do mundo (US$
0,0672 por kWh), ficando à
frente apenas da África do Sul
no ranking elaborado pela IEA.
Análises
Para o presidente da EPE
(Empresa de Pesquisa Energética, estatal que planeja o setor), Maurício Tolmasquim,o
Brasil está bem posicionado no
ranking. Ele calculou a posição
do Brasil no ranking de 2004 e
chegou à conclusão de que o
país ocupou, naquele ano, a 15ª
posição em uma lista com 29
países.
"É uma posição boa. Ainda é
preciso considerar que há uma
sobrevalorização do câmbio",
disse. Por esse raciocínio, se a
taxa de câmbio não estivesse
sobrevalorizada, o dólar custaria mais caro e, na conversão do
valor em reais para o preço em
dólares, o Brasil ficaria com
uma tarifa menor.
Para Fernando Maia, diretor
técnico-regulatório da Abradee
(Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), um dos motivos que explicam o nível tarifário do Brasil é
a quantidade de encargos cobrados dos consumidores.
"Os encargos representam
aproximadamente 20% da tarifa", afirmou.
Encargos são partes da tarifa
paga pelo consumidor que servem para subsidiar políticas de
governo, como tarifa social de
baixa renda, geração por fontes
alternativas de energia ou compra de óleo combustível para as
termelétricas da região Norte.
"Não faz sentido o consumidor pagar, por exemplo, para financiar a construção de um gasoduto. Esse custo deveria sair
da tarifa e passar a ser um subsídio direto", disse.
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