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Lula diz que culpa da crise é de quem quis fazer "agiotagem"
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A LINS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, em
Lins (430 km a noroeste de São
Paulo), que a crise da economia
americana é fruto da "irresponsabilidade" de quem quis ganhar dinheiro com "agiotagem"
em um "cassino" e que o Brasil
vive "um momento de sustentabilidade como nunca viveu"
em sua história.
"Essa crise se dá porque os cidadãos apostaram em títulos
de terceira categoria como se
estivessem em um cassino. Foram para ganhar fácil e quebraram a cara. E não é justo o povo
brasileiro pagar pela irresponsabilidade daqueles que quiseram ganhar dinheiro na agiotagem (...) Quem tentou especular quebrou a cara e vai quebrar
sempre a cara quem acha que é
possível ganhar dinheiro sem
trabalhar", disse Lula, ao discursar na inauguração de uma
fábrica de biodiesel animal do
grupo Bertin.
O presidente utilizou o
exemplo da usina para pedir
aos empresários que não apostem na crise, mas disse que o
investimento do grupo Bertin
só pôde ser feito porque "a economia brasileira está vivendo
um momento de sustentabilidade como nunca viveu neste
país". Em seguida, afirmou que
"dinheiro justo é aquele que é
resultado do investimento correto, gerador de emprego, gerador de distribuição de renda."
Ainda segundo Lula, o Brasil
não está vulnerável à crise americana, que terá de ser resolvida
pelos Estados Unidos.
"Tem uma crise que todo
mundo viu na semana passada,
a crise imobiliária dos Estados
Unidos, e, portanto, é eles que
têm de resolver. Alguns tentaram vender a idéia de que a crise iria atingir o Brasil, mas eu
posso dizer a vocês que nossa
economia está mais sólida do
que em qualquer outro momento", afirmou o presidente.
Lula também enfatizou que
não irá intervir no câmbio, a
despeito do pleito dos exportadores. "O governo não fará nenhuma mágica porque não tem
mágica. O mercado vai tratar de
regular esse dólar."
"Biodiesel de picanha"
Na usina do grupo Bertin, de
R$ 42 milhões de investimentos, Lula conheceu a técnica para extrair combustível a partir
da gordura bovina. Segundo
ele, "revolucionária".
Ao contemplar um frasco
com o produto, Lula brincou.
Primeiro, disse "aqui jaz um
boi", com o conteúdo na mão.
Depois, arrancou gargalhadas
dos empresários e dos ministros que o acompanhavam ao
"batizar" a produção como
"biodiesel de picanha".
O frigorífico Bertin é um dos
maiores exportadores de carne
do país. O presidente aproveitou para atacar as normas sanitárias exigidas pelos compradores internacionais e para
prometer que "não faltará dinheiro" nos esforços de adequação da produção a elas.
Acompanharam Lula os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Dilma Rousseff (Casa Civil), Sérgio Resende (Ciência e Tecnologia) e Reinhold Stephanes (Agricultura).
Após, inaugurar a usina, o
presidente Lula visitou o frigorífico e almoçou na sede da fazenda do grupo, em Lins.
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