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Retomada tende a ser "muito lenta", diz presidente do Fed
Para Bernanke, nível de desemprego nos EUA ainda será elevado por muitos meses
Bolsa de Nova York atinge
maior patamar desde
outubro de 2008, também
sob influência do aumento na venda de casas usadas
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Ben Bernanke, presidente do
Fed (o BC dos EUA), deu ontem
a mais taxativa indicação desde
o agravamento da crise internacional, em setembro de
2008, de que tanto a economia
americana quanto a de outros
países estão na rota da recuperação. Mas avisou que ela será
lenta e com o desemprego elevado por muitos meses.
"Depois da forte contração
no ano passado, a atividade
econômica parece estar se recuperando, tanto nos EUA
quanto em outros países."
"As chances de volta do crescimento são boas", disse Bernanke, durante encontro com
presidentes de bancos centrais
e economistas de vários países
em Jackson Hole (Wyoming).
E acrescentou: "Embora tenhamos evitado o pior, há desafios pela frente. Em um primeiro momento, a recuperação
tende a ser muito lenta, com os
níveis de desemprego baixando
apenas gradualmente dos elevados patamares atuais".
O presidente do Fed destacou ainda que a área de crédito
começa a "se normalizar" e que
o antes "moribundo" mercado
de emissão de títulos corporativos (para capital de giro) também volta "à normalidade".
No cenário internacional,
países como França, Alemanha
e Japão já deixaram a recessão
para trás no segundo trimestre.
Mas o crescimento no período
foi anêmico (0,3% nos casos de
França e Alemanha). E o desemprego permanece alto -em
9,4% e 7,7% nos dois países.
Nos EUA, o segundo trimestre ainda foi de retração, de 1%.
Acredita-se que a economia tenha voltado a crescer a partir de
julho. O desemprego, porém,
está em 9,4%, e a maioria das
previsões indica que ele ainda
poderá aumentar antes de começar a recuar.
A expectativa de uma longa e
frágil recuperação foi reforçada
nesta semana pelas vendas
abaixo do esperado, em julho,
de redes gigantes de varejo nos
EUA. Houve ainda aumento
além do previsto nos pedidos
de seguro-desemprego.
Mas a fala do presidente do
Fed, somada à notícia de que a
venda de casas usadas nos EUA
teve em julho o maior aumento
em dois anos, fizeram a Bolsa
de Nova York atingir o mais
elevado patamar desde outubro do ano passado.
O índice Dow Jones subiu
1,67%, para 9.506 pontos, e o
S&P 500 teve valorização de
1,86%. O índice da Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 1,6%.
No Brasil, a Bolsa de Valores
de São Paulo subiu 1,58% e
atingiu o maior nível desde julho de 2008.
Na esteira da recuperação
das Bolsas, as commodities
também subiram. O petróleo
ultrapassou pela primeira vez
em dez meses os US$ 74.
Imóveis
As vendas de imóveis residenciais usados cresceram
7,2% em julho, no quarto mês
consecutivo de alta. Já o número de casas comercializadas no
ano chegou a 5,24 milhões, o
maior desde agosto de 2007.
A média nacional de preço
dos imóveis comercializados
foi de US$ 178,4 mil (R$ 330
mil), ainda 15,1% abaixo da média de julho de 2008.
A recuperação das vendas de
casas se dá em um ambiente de
juros para financiamentos
muito baixos e com forte impulso de crédito estatal repassado a bancos, além de descontos tributários.
A partir de dezembro passado, o Fed baixou os juros básicos no país para um patamar
entre zero e 0,25% ao ano. E
bombeou cerca de US$ 1 trilhão
na economia em financiamentos para empresas e a interessados em comprar imóveis ou
veículos.
No caso dos imóveis, o comprador que não tem casa própria pode ter desconto tributário de US$ 8.000. No setor de
veículos, chegam a US$ 4.500
os abatimentos para quem trocar um carro "bebedor" por outro mais econômico.
Mas as declarações ainda
cautelosas de Bernanke indicam que o Fed deve manter os
juros no atual patamar por um
bom período, especialmente
porque não há sinais de inflação no curto prazo. O suporte
financeiro estatal na área de
crédito também deve continuar por mais tempo.
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