São Paulo, Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
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Medidas têm forte caráter simbólico

de Buenos Aires

As medidas tomadas pelo Brasil contra a Argentina são de caráter mais simbólico e terão pouco efeito no controle da entrada de produtos argentinos no país, segundo apurou a Folha.
O objetivo brasileiro é dar um recado à Argentina e mostrar a irritação de Brasília em relação à escalada de resoluções, que limitam a entrada de artigos brasileiros no mercado vizinho.
Antes da decisão de proteger os calçados, o governo argentino já havia adotado proteção para tecidos. Nos próximos dias, deverá fechar o sistema de barreiras técnicas para papel, segundo confirmou a própria secretária de Indústria e Comércio da Argentina.
Fontes do governo brasileiro confirmaram que o Brasil não tem condições técnicas de inspecionar a lista de 400 produtos, que prometeu vigiar nas fronteiras.
Na sexta, o Ministério de Desenvolvimento anunciou que iria fiscalizar e inspecionar as exportações argentinas de 400 produtos -calçados, têxteis, produtos químicos e veículos, entre outros.
Com a medida, o Brasil quer mostrar para o parceiro que a proteção de setores específicos pode sair cara. Ou seja, a Argentina, superavitária no comércio bilateral, tem mais a perder do que o Brasil, numa guerra comercial.
A estratégia brasileira surpreendeu os negociadores argentinos, que, até agora, não se manifestaram sobre as medidas que irão tomar. Mas, segundo declarações de autoridades locais, o parceiro brasileiro deve evitar o confronto.
O Brasil espera que o susto faça com que os setores argentinos que se beneficiam do comércio com o Brasil saiam em defesa do Mercosul e critiquem o novo protecionismo local.
Dentro do Itamaraty, alguns diplomatas admitem que a medida foi violenta e excessivamente dura. Mas, completam, não havia alternativa para tentar persuadir a Argentina a abandonar a política de proteção de setores industrias fragilizados.


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