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Crise com tele leva Prodi a depor no Senado
Premiê falará sobre as
mudanças na Telecom Italia
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro-ministro da Italia, Romano Prodi, irá ao Senado de seu país para explicar os
motivos do embate travado na
semana passada com o acionista controlador da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera.
O executivo, por sua vez, é alvo
de um inquérito administrativo
da Justiça italiana.
A data do comparecimento
de Prodi ainda não foi marcada,
mas deverá acontecer após o
próximo dia 28, segundo agências internacionais.
A Telecom Italia é a quinta
maior operadora européia, líder italiana e acionista de duas
empresas no Brasil: a TIM (telefonia móvel) e a BrT (Brasil
Telecom, operadora fixa).
Na semana passada, a matriz
anunciou um processo de reestruturação que previa o desmembramento de suas atividades. O plano vinha sendo conduzido por Tronchetti Provera,
então presidente da operadora.
Prodi, representante da centro-esquerda italiana, reprovou
o novo desenho da Telecom
Italia e disse não ter sido informado da reestruturação. A imprensa italiana, contudo, mostrou que o assessor do primeiro-ministro recebeu detalhes
da proposta antes do anúncio.
O episódio resultou na saída
do assessor e em desgaste para
Provera, que pediu afastamento da presidência da Telecom
Italia. A decisão ocorreu dias
antes de estourar um escândalo
de grandes proporções na Italia
-o Ministério Público crê que a
companhia patrocinou uma rede de espionagem, a partir de
escutas ilegais, e realizou pagamentos a assessores usando organizações "laranjas".
Prisões
Anteontem, 20 pessoas foram presas na Itália acusadas
de fazer parte do esquema de
arapongagem. Segundo a Folha apurou, é possível que o escândalo respingue no Brasil. Isso porque o encarregado da segurança da Telecom Italia na
América Latina, Angelo Janonne, está sendo investigado na
esteira de seu chefe, Giuliano
Tavaroli, tido como braço direito de Tronchetti Provera.
Em 2004, Janonne veio ao
Brasil para entregar à Polícia
Federal documentos mostrando que a Telecom Italia e integrantes do governo brasileiro
vinham sendo espionada pela
Kroll, contratada pela Brasil
Telecom, então administrada
pelo grupo Opportunity, do
empresário Daniel Dantas.
À época, Janonne disse que
as informações que repassava
tinham sido entregues anonimamente à Telecom Italia. Mas
a desconfiança dos promotores
italianos, que têm poder de polícia em seu país, é a de que os
dados foram obtidos a partir da
atuação de espiões que atuavam, supostamente, com
anuência da operadora de telefonia italiana.
Desde 2005 a Telecom Italia
está alinhada com o Opportunity - que desistiu de ações judiciais contra os italianos. Em
2004, todavia, seus parceiros
na luta pela Brasil Telecom
eram os fundos de pensão brasileiros.
Carlyle
Enquanto o novelo político e
policial se desenrola, correm
negociações pelos ativos da Telecom Italia, cujo endividamento é alto e, conforme analistas do setor, deverá vender
parte de seus negócios. Ontem,
a imprensa internacional apontou o grupo Carlyle como forte
candidato à compra das operações móveis dos italianos.
No Brasil, ganha força no
mercado a versão de que as
operadoras Claro e Vivo comprarão a TIM. Já a negociação
da fatia italiana na Brasil Telecom, a princípio, continua nas
mesmas condições dos últimos
quatro anos: muito complicada.
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