São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2006

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Crise com tele leva Prodi a depor no Senado

Premiê falará sobre as mudanças na Telecom Italia

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro-ministro da Italia, Romano Prodi, irá ao Senado de seu país para explicar os motivos do embate travado na semana passada com o acionista controlador da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera. O executivo, por sua vez, é alvo de um inquérito administrativo da Justiça italiana.
A data do comparecimento de Prodi ainda não foi marcada, mas deverá acontecer após o próximo dia 28, segundo agências internacionais.
A Telecom Italia é a quinta maior operadora européia, líder italiana e acionista de duas empresas no Brasil: a TIM (telefonia móvel) e a BrT (Brasil Telecom, operadora fixa).
Na semana passada, a matriz anunciou um processo de reestruturação que previa o desmembramento de suas atividades. O plano vinha sendo conduzido por Tronchetti Provera, então presidente da operadora.
Prodi, representante da centro-esquerda italiana, reprovou o novo desenho da Telecom Italia e disse não ter sido informado da reestruturação. A imprensa italiana, contudo, mostrou que o assessor do primeiro-ministro recebeu detalhes da proposta antes do anúncio.
O episódio resultou na saída do assessor e em desgaste para Provera, que pediu afastamento da presidência da Telecom Italia. A decisão ocorreu dias antes de estourar um escândalo de grandes proporções na Italia -o Ministério Público crê que a companhia patrocinou uma rede de espionagem, a partir de escutas ilegais, e realizou pagamentos a assessores usando organizações "laranjas".

Prisões
Anteontem, 20 pessoas foram presas na Itália acusadas de fazer parte do esquema de arapongagem. Segundo a Folha apurou, é possível que o escândalo respingue no Brasil. Isso porque o encarregado da segurança da Telecom Italia na América Latina, Angelo Janonne, está sendo investigado na esteira de seu chefe, Giuliano Tavaroli, tido como braço direito de Tronchetti Provera.
Em 2004, Janonne veio ao Brasil para entregar à Polícia Federal documentos mostrando que a Telecom Italia e integrantes do governo brasileiro vinham sendo espionada pela Kroll, contratada pela Brasil Telecom, então administrada pelo grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas.
À época, Janonne disse que as informações que repassava tinham sido entregues anonimamente à Telecom Italia. Mas a desconfiança dos promotores italianos, que têm poder de polícia em seu país, é a de que os dados foram obtidos a partir da atuação de espiões que atuavam, supostamente, com anuência da operadora de telefonia italiana.
Desde 2005 a Telecom Italia está alinhada com o Opportunity - que desistiu de ações judiciais contra os italianos. Em 2004, todavia, seus parceiros na luta pela Brasil Telecom eram os fundos de pensão brasileiros.

Carlyle
Enquanto o novelo político e policial se desenrola, correm negociações pelos ativos da Telecom Italia, cujo endividamento é alto e, conforme analistas do setor, deverá vender parte de seus negócios. Ontem, a imprensa internacional apontou o grupo Carlyle como forte candidato à compra das operações móveis dos italianos.
No Brasil, ganha força no mercado a versão de que as operadoras Claro e Vivo comprarão a TIM. Já a negociação da fatia italiana na Brasil Telecom, a princípio, continua nas mesmas condições dos últimos quatro anos: muito complicada.


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