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Investimento externo deve bater recorde da privatização
Em 2007, volume cresce 161% e já supera em 41% o registrado em todo o ano passado
BC eleva expectativa de entrada de recursos no ano para US$ 32 bi; para
analistas, tendência é superar recorde de 2000
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil nunca recebeu tanto
capital externo como hoje. Dados do Banco Central sinalizam
que o volume de investimento
não-financeiro destinado à
produção e serviços deve encerrar o ano em patamar superior ao dos recordes do fim dos
anos 90, período das privatizações. Analistas dizem que o dinheiro vem ao país de olho na
expansão da economia e também pela expectativa de o país
obter o "grau de investimento".
De janeiro a agosto, o investimento estrangeiro direto somou US$ 26,488 bilhões. O valor é 161% maior que o visto em
igual período de 2006 e já é 41%
superior a todo o volume do
ano passado. Diante desse desempenho expressivo, o BC refez as contas e passou a apostar
que o ano deve terminar com a
entrada de US$ 32 bilhões, ante
US$ 25 bilhões da previsão anterior. "E não será surpresa se o
número for ainda maior", diz o
chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin,
classifica a nova projeção como
"conservadora". Para ele, é provável que o número ultrapasse
o recorde de US$ 32,779 bilhões, registrado em 2000, ano
da venda do Banespa e período
em que o país recebia pesados
investimentos em telecomunicações -setor privatizado dois
anos antes, em 1998.
A explicação para a entrada
de tantos dólares está no cenário de médio e longo prazo da
economia brasileira. Com a expectativa de que o país passe a
apresentar taxas mais robustas
de crescimento, multinacionais têm destinado recursos
para filiais brasileiras de olho
no mercado interno. Há, ainda,
a perspectiva de tornar o Brasil
base exportadora para região.
Além dos motivos internos, o
presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de
Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica), Luís
Afonso Lima, observa que o
Brasil tem sido beneficiado pela nova dinâmica dos investimentos globais. "Sem a expectativa de crescimento de mercado nos EUA e na Europa, empresas vêm procurando países
emergentes que ainda têm
muitos segmentos virgens, e o
Brasil tem papel de destaque
como destino desses recursos."
Lima avalia também que a
expectativa de que o Brasil receba o "grau de investimento"
-reconhecimento das agências
de classificação de risco de que
há segurança de que o país
honrará suas dívidas- deve
acelerar a entrada de dólares
nos próximos anos. Estudo da
Sobeet revela que o fluxo de investimentos aumenta, na média, 20% no biênio anterior à
elevação da nota. Nos dois anos
seguintes, a entrada de dólares
salta muito mais, 238%. Analistas esperam essa melhora da
nota para o Brasil em 2008 ou
2009. "Portanto, o fluxo deve
crescer mais", diz Lima.
Setores
O segmento de serviços é o
preferido dos investidores.
Conforme dados do BC, 47,3%
dos dólares que entraram no
Brasil foram alocados nesse ramo. No segmento, chama a
atenção o aumento do interesse pelo setor de serviços a empresas -como limpeza e manutenção, que recebeu 9,7% dos
recursos. A participação é quase o dobro da registrada em
2006 -4,8%. A presença da
construção civil também tem
forte salto e passou de 1,4% para 4% entre 2006 e 2007.
Na indústria, a metalurgia
básica e a fabricação de petróleo e álcool lideram. Os segmentos receberam, respectivamente, 15,5% e 4% dos recursos
de janeiro a agosto. A participação é superior à observada em
2006, quando os ramos foram
alvo de 7,7% e 1,2% dos dólares.
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