São Paulo, sábado, 22 de setembro de 2007

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Decisão do Fed garante corte na Selic, diz Coutinho

Para presidente do BNDES, juro menor nos EUA abre espaço para redução no Brasil

De acordo com ele, o Brasil "passou no teste" das turbulências vividas pelos mercados financeiros desde o final de julho

VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse ontem que "não há dúvida" de que a decisão do Fed (o banco central americano) de cortar a taxa básica de juros abriu espaço para a redução dos juros no Brasil.
"Ao ter aumentado o diferencial de juros entre a taxa Selic e a taxa "federal funds rate", abriu-se um espaço claro para a continuidade da redução de juros. Eu não quero opinar a respeito nem do "timing" nem da intensidade da curva de redução de juros, porque é uma atribuição do Banco Central, mas inequivocamente abriu um espaço para a redução", afirmou em evento que reuniu executivos de finanças em São Paulo.
Na última terça-feira, o Fed reduziu em 0,5 ponto percentual a sua taxa básica de juros, para 4,75% ao ano. Coutinho classificou a medida como "coerente" com o discurso de Ben Bernanke, presidente do BC dos Estados Unidos.
"A redução dos juros telegrafou claramente aquilo que o presidente Ben Bernanke tem dito aos mercados. Se houver risco de que a crise financeira rebata sobre a economia real, o Fed vai agir." Segundo Coutinho, isso tranqüiliza o Brasil porque, se houver alguma desaceleração global, será moderada, o que não resultará em "efeitos importantes" no país.
O presidente do BNDES afirmou que "o Brasil passou no teste" ante a onda de turbulências vividas pelos mercados financeiros globais. De acordo com Coutinho, isso mostrou que as fontes de sustentação do crescimento brasileiro "são domésticas". "Nós temos uma economia capacitada para sustentar um ciclo de crédito. O crédito está crescendo nos bens duráveis, isso faz com que o mercado interno seja um sustentáculo indiscutível ao crescimento brasileiro."
Em palestra ministrada ontem pela manhã a empresários franceses, Coutinho disse que o Brasil tem condições favoráveis para o crescimento sustentável. Ressaltou, no entanto, que ainda há dúvida quanto à oferta e à demanda de energia.
Em seguida, tentou minimizar o risco de apagão a partir de 2011: "Nós temos muitas cartas na manga para resolver essa crise antes que ela chegue".
O presidente do BNDES destacou que, junto com o Ministério de Minas e Energia e a Casa Civil, está sendo fechado um "grande projeto" para produção de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar -que deverá entrar em vigor em 2009.
Como política industrial, Coutinho afirmou que o banco pretende fomentar o avanço tecnológico, promovendo o acesso das pequenas e médias empresas. A perspectiva de investimento na indústria é de R$ 380 bilhões entre os anos de 2007 e 2010.
Segundo Coutinho, haverá foco especial na áreas de TI (tecnologia da informação) e saúde, com um alargamento, aprovado anteontem, do escopo do Profarma (Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica). Coutinho destacou ainda que o BNDES estuda o apoio à recolocação do setor automobilístico no jogo global.


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