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Decisão do Fed garante corte na Selic, diz Coutinho
Para presidente do BNDES, juro menor nos EUA abre espaço para redução no Brasil
De acordo com ele, o Brasil "passou no teste" das turbulências vividas pelos mercados financeiros
desde o final de julho
VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, disse ontem
que "não há dúvida" de que a
decisão do Fed (o banco central
americano) de cortar a taxa básica de juros abriu espaço para
a redução dos juros no Brasil.
"Ao ter aumentado o diferencial de juros entre a taxa Selic e
a taxa "federal funds rate",
abriu-se um espaço claro para a
continuidade da redução de juros. Eu não quero opinar a respeito nem do "timing" nem da
intensidade da curva de redução de juros, porque é uma atribuição do Banco Central, mas
inequivocamente abriu um espaço para a redução", afirmou
em evento que reuniu executivos de finanças em São Paulo.
Na última terça-feira, o Fed
reduziu em 0,5 ponto percentual a sua taxa básica de juros,
para 4,75% ao ano. Coutinho
classificou a medida como
"coerente" com o discurso de
Ben Bernanke, presidente do
BC dos Estados Unidos.
"A redução dos juros telegrafou claramente aquilo que o
presidente Ben Bernanke tem
dito aos mercados. Se houver
risco de que a crise financeira
rebata sobre a economia real, o
Fed vai agir." Segundo Coutinho, isso tranqüiliza o Brasil
porque, se houver alguma desaceleração global, será moderada, o que não resultará em
"efeitos importantes" no país.
O presidente do BNDES afirmou que "o Brasil passou no
teste" ante a onda de turbulências vividas pelos mercados financeiros globais. De acordo
com Coutinho, isso mostrou
que as fontes de sustentação do
crescimento brasileiro "são domésticas". "Nós temos uma
economia capacitada para sustentar um ciclo de crédito. O
crédito está crescendo nos bens
duráveis, isso faz com que o
mercado interno seja um sustentáculo indiscutível ao crescimento brasileiro."
Em palestra ministrada ontem pela manhã a empresários
franceses, Coutinho disse que o
Brasil tem condições favoráveis
para o crescimento sustentável. Ressaltou, no entanto, que
ainda há dúvida quanto à oferta
e à demanda de energia.
Em seguida, tentou minimizar o risco de apagão a partir de
2011: "Nós temos muitas cartas
na manga para resolver essa
crise antes que ela chegue".
O presidente do BNDES destacou que, junto com o Ministério de Minas e Energia e a Casa Civil, está sendo fechado um
"grande projeto" para produção de energia a partir do bagaço da cana-de-açúcar -que deverá entrar em vigor em 2009.
Como política industrial,
Coutinho afirmou que o banco
pretende fomentar o avanço
tecnológico, promovendo o
acesso das pequenas e médias
empresas. A perspectiva de investimento na indústria é de R$
380 bilhões entre os anos de
2007 e 2010.
Segundo Coutinho, haverá
foco especial na áreas de TI
(tecnologia da informação) e
saúde, com um alargamento,
aprovado anteontem, do escopo do Profarma (Programa de
Apoio ao Desenvolvimento da
Cadeia Produtiva Farmacêutica). Coutinho destacou ainda
que o BNDES estuda o apoio à
recolocação do setor automobilístico no jogo global.
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