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Dona das Havaianas deve comprar a rival Dupé por R$ 49,5 milhões
Alpargatas, que fabrica as sandálias, aguarda auditoria para adquirir a empresa
Leo Caldas/Agência Titular
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Linha de produção da fábrica da Dupé na cidade de Carpina (PE) |
DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A São Paulo Alpargatas, empresa brasileira de calçados e
artigos esportivos que detém a
marca Havaianas, vai adquirir
100% do capital da CBS (Companhia Brasileira de Sandálias),
dona da marca Dupé, por
R$ 49,5 milhões. O negócio só
será concretizado após o processo de "due diligence" (auditoria) que deve ser concluído
até o final de outubro.
O presidente da Alpargatas,
Marcio Luiz Simões Utsch,
adiantou que vai manter a marca Dupé e a única fábrica da
CBS, em Carpina (PE), que tem
cerca de 1.000 funcionários e
capacidade para produzir 30
milhões de pares de sandálias
por ano. Em 2006, o faturamento da empresa foi de cerca
de R$ 90 milhões. No primeiro
semestre, foram vendidos 12
milhões de pares, dos quais 3,6
milhões foram exportados.
A Havaianas também só tem
uma fábrica, localizada em
Campina Grande (PB), que
produziu 162 milhões de pares
em 2006. Cerca de 45% da receita bruta anual de vendas da
Alpargatas -R$ 1,5 bilhão em
2006- vem da marca, que já é
exportada para 70 países.
"O foco é abrir e atingir outros canais de distribuição, em
cidades onde a Dupé é mais forte, principalmente no Nordeste", disse Utsch, que prefere dar
mais detalhes sobre a aquisição
só após a auditoria.
Assim como já tinha feito
com os ativos do setor sucroalcooleiro neste ano, o Grupo Tavares de Melo, dono da CBS,
decidiu vender a empresa calçadista. As empresas discutiam
a transação há mais de cinco
anos, mas a última negociação
não durou mais de três meses.
Segundo Romildo Tavares de
Melo, diretor-presidente da
CBS, a decisão "faz parte do
processo de reposicionamento
estratégico" do grupo.
De acordo com a CBS, a Dupé
responde por 6% das vendas
nacionais de sandálias de borracha de dedo. A Alpargatas
contabiliza que as Havaianas
têm entre 35% e 40% do segmento de sandálias de dedo. A
Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados) não tem dados de participação de mercado.
Setor
Em meio às queixas do setor
calçadista de perda de competitividade, essas sandálias se
mantém como exceção, seguindo com resultados otimistas.
"Por ser um produto de baixo
valor unitário, os custos de importação funcionam como uma
barreira importante à concorrência dos importados. Além
disso, sandálias são um produto muito movido a moda e o
Brasil é um importante definidor de tendências, enquanto a
indústria chinesa não tem a
mesma criatividade nem condições de atender a velocidade
de mudança de gosto da brasileira", afirmou Milton Cardoso,
presidente da Abicalçados.
A Grendene, outra concorrente de peso, acumula crescimento nas exportações nos últimos nove trimestres, segundo
a gerente de Relações com Investidores, Doris Wilhelm. No
primeiro semestre foram 19,5
milhões de pares exportados
ante 16,6 milhões em igual período de 2006 - alta de 17,5%.
"Esperamos que, neste segundo semestre, com campanhas [publicitárias] mais fortes, tenhamos destaque no
mercado interno e internacional." Segundo ela, as empresas
calçadistas que tiveram problemas mais sérios com a valorização do real e a concorrência dos
produtos chineses foram as
muito dependentes do mercado internacional ou fornecedoras para marcas de terceiros,
pois os produtos chineses, imbatíveis em preço e fracos em
design, têm como alvo justamente o segmento sem marca.
"Nós estamos no caminho inverso: menos focados em exportação e agregando valor via
design e ganhos de produtividade por meio de conquistas
tecnológicas."
Considerando o setor calçadista em geral, parte do efeito
do desaquecimento verificado
entre julho de 2006 e maio de
2007 pôde ser dimensionado
pela demissão de 124 mil trabalhadores no período. No primeiro semestre, as exportações
apresentaram queda de 4% no
volume comparado ao mesmo
período de 2006.
O Brasil é o terceiro maior fabricante de calçados do mundo,
mas das 4.000 empresas que
compõem o parque industrial
cerca de uma dezena apenas
possui escala de produção. No
caso de sandálias de dedo, a
produção mínima para obter
rentabilidade é estimada em 5
milhões de pares por ano.
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