São Paulo, segunda-feira, 22 de setembro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Roda do crédito volta a girar, diz Octavio de Barros

Apesar do pessimismo dos economistas em geral, é possível supor que, tão logo a ação do Tesouro americano de resgate dos títulos podres se efetive, restaure-se o clima de volta da confiança dos mercados e de melhora de humor das famílias e das empresas. O chamado risco de confiança vai se dissipando e o sistema de crédito volta a funcionar gradualmente.
A tese é do economista Octavio de Barros, diretor de pesquisas macroeconômicas do Bradesco, ao analisar as possíveis conseqüências do pacote de socorro de US$ 700 bilhões do Tesouro americano para salvar as instituições financeiras atingidas pela crise do crédito.
De acordo com Octavio de Barros, essa volta à normalidade completa, no entanto, ainda tomará algum tempo, de um a dois anos.
A visão do economista está ancorada no fato de que o pacote de resgate do sistema bancário favorece a determinação de preços dos ativos que estavam sem referência no mercado financeiro, os chamados títulos podres. Na medida em que se pressupõe que os ativos que estavam sem preço passam a ter um piso fixado pelo Tesouro americano, os demais ativos do mercado tendem a se beneficiar pela menor volatilidade, inclusive as Bolsas devem ser favorecidas.
"Ainda que lentamente, é plausível supor que, após o anúncio de compra dos ativos podres por parte do Tesouro americano, o crédito deve voltar a girar no mundo", diz Octavio de Barros.
"A aversão ao risco deve diminuir e eu não descartaria que investidores, acionistas e fundos soberanos voltem a se interessar por recapitalizar os bancos que tiveram fortes perdas. No auge da crise, muita gente perdeu dinheiro (inclusive fundos soberanos) e as perspectivas eram de desalavancagem contínua. Agora pode ser diferente."
Dessa maneira, Octavio de Barros afirma que todos os cenários dos economistas para o crescimento da economia global devem ter que ser temperados com essa nova informação. As previsões para o crescimento da economia nos próximos anos devem melhorar significativamente, embora a recessão nos próximos trimestres seja praticamente inevitável.
De acordo com o economista, uma das mais importantes lições desse episódio é a de que, em crise de confiança, ações caso a caso eminentemente discricionárias simplesmente não funcionam.
Em situações relativamente normais, não há nenhum problema em deixar uma instituição quebrar, mas o cenário era de crise de confiança onde supostamente qualquer um poderia quebrar. Ninguém sabia onde estava o risco.
Outro ponto que merece reflexão, na opinião do economista, é a tese do megainvestidor George Soros de que todo banco de investimento deverá, daqui para adiante, estar ligado a um banco de depósitos. "Ainda não é possível ter clareza sobre isso. A ver", afirma Octavio de Barros.

LADEIRA ABAIXO

As bolsas do mundo todo registraram perdas de 29,32% desde o seu melhor momento, no ano passado, até a ultima sexta-feira. A queda chegou a um total de US$ 18,1 trilhões. No dia 9 de dezembro do ano passado, o valor de mercado das bolsas de todos os países do mundo somava US$ 61,932 trilhões. Com a crise, o valor de mercado caiu para US$ 43,779 trilhões.

GARGALO
O potencial de investimento em Pequenas Centrais Hidrelétricas é de R$ 140 bilhões nos próximos 15 anos, segundo estudo da Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores de Energia Elétrica. Mas para Ricardo Pigatto, presidente da entidade, os obstáculos em torno de cada PCH a ser empreendida geram retardamento crônico das metas. Os entraves serão debatidos no Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico, em outubro. O principal entrave, segundo a entidade, é que só 10 a 12 técnicos são responsáveis na Aneel pela análise e aprovação de processos para expansão do setor e investimentos de mais de R$ 10 bilhões por ano.

IDADE
A Brahma completa 120 anos neste mês e lança uma edição limitada da lata e da garrafa.

NA PAUTA
Ricardo Espirito Santo, presidente do Banco Espírito Santo Investimentos no Brasil, vai abrir a Conferência Anual Brasileira de Commodity and Trade Finance, promovida pela Euromoney, nos dias 29 e 30, em São Paulo.

NA CHAPA
A Burger King nomeou o executivo Cláudio Arcuri como diretor sênior de operações de franquia para a América do Sul e de treinamento para a região da América Latina e Caribe. A marca possui hoje no Brasil oito grupos franqueados.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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