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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Roda do crédito volta a girar, diz Octavio de Barros
Apesar do pessimismo dos
economistas em geral, é possível supor que, tão logo a ação do
Tesouro americano de resgate
dos títulos podres se efetive,
restaure-se o clima de volta da
confiança dos mercados e de
melhora de humor das famílias
e das empresas. O chamado risco de confiança vai se dissipando e o sistema de crédito volta a
funcionar gradualmente.
A tese é do economista Octavio de Barros, diretor de pesquisas macroeconômicas do
Bradesco, ao analisar as possíveis conseqüências do pacote
de socorro de US$ 700 bilhões
do Tesouro americano para salvar as instituições financeiras
atingidas pela crise do crédito.
De acordo com Octavio de
Barros, essa volta à normalidade completa, no entanto, ainda
tomará algum tempo, de um a
dois anos.
A visão do economista está
ancorada no fato de que o pacote de resgate do sistema bancário favorece a determinação de
preços dos ativos que estavam
sem referência no mercado financeiro, os chamados títulos
podres. Na medida em que se
pressupõe que os ativos que estavam sem preço passam a ter
um piso fixado pelo Tesouro
americano, os demais ativos do
mercado tendem a se beneficiar pela menor volatilidade,
inclusive as Bolsas devem ser
favorecidas.
"Ainda que lentamente, é
plausível supor que, após o
anúncio de compra dos ativos
podres por parte do Tesouro
americano, o crédito deve voltar a girar no mundo", diz Octavio de Barros.
"A aversão ao risco deve diminuir e eu não descartaria que
investidores, acionistas e fundos soberanos voltem a se interessar por recapitalizar os bancos que tiveram fortes perdas.
No auge da crise, muita gente
perdeu dinheiro (inclusive fundos soberanos) e as perspectivas eram de desalavancagem
contínua. Agora pode ser diferente."
Dessa maneira, Octavio de
Barros afirma que todos os cenários dos economistas para o
crescimento da economia global devem ter que ser temperados com essa nova informação.
As previsões para o crescimento da economia nos próximos
anos devem melhorar significativamente, embora a recessão
nos próximos trimestres seja
praticamente inevitável.
De acordo com o economista,
uma das mais importantes lições desse episódio é a de que,
em crise de confiança, ações caso a caso eminentemente discricionárias simplesmente não
funcionam.
Em situações relativamente
normais, não há nenhum problema em deixar uma instituição quebrar, mas o cenário era
de crise de confiança onde supostamente qualquer um poderia quebrar. Ninguém sabia
onde estava o risco.
Outro ponto que merece reflexão, na opinião do economista, é a tese do megainvestidor
George Soros de que todo banco de investimento deverá, daqui para adiante, estar ligado a
um banco de depósitos. "Ainda
não é possível ter clareza sobre
isso. A ver", afirma Octavio de
Barros.
LADEIRA ABAIXO
As bolsas do mundo todo registraram perdas de
29,32% desde o seu melhor momento, no ano
passado, até a ultima sexta-feira. A queda chegou a
um total de US$ 18,1 trilhões. No dia 9 de dezembro do ano passado, o valor de mercado das bolsas
de todos os países do
mundo somava
US$ 61,932 trilhões. Com
a crise, o valor de mercado caiu para US$ 43,779
trilhões.
GARGALO
O potencial de investimento em Pequenas Centrais Hidrelétricas é de R$
140 bilhões nos próximos 15
anos, segundo estudo da Associação Brasileira dos Pequenos e Médios Produtores
de Energia Elétrica. Mas para Ricardo Pigatto, presidente da entidade, os obstáculos em torno de cada PCH
a ser empreendida geram retardamento crônico das metas. Os entraves serão debatidos no Encontro Nacional
dos Agentes do Setor Elétrico, em outubro. O principal
entrave, segundo a entidade,
é que só 10 a 12 técnicos são
responsáveis na Aneel pela
análise e aprovação de processos para expansão do setor e investimentos de mais
de R$ 10 bilhões por ano.
IDADE
A Brahma completa 120
anos neste mês e lança uma
edição limitada da lata e da
garrafa.
NA PAUTA
Ricardo Espirito Santo,
presidente do Banco Espírito Santo Investimentos no
Brasil, vai abrir a Conferência Anual Brasileira de Commodity and Trade Finance,
promovida pela Euromoney, nos dias 29 e 30, em São
Paulo.
NA CHAPA
A Burger King nomeou o
executivo Cláudio Arcuri como diretor sênior de operações de franquia para a América do Sul e de treinamento
para a região da América Latina e Caribe. A marca possui hoje no Brasil oito grupos franqueados.
com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI
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