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Concentração bancária cresce; 10 bancos têm 89% dos ativos
Com crise financeira global, bancos menores recuaram e grandes se fundiram
Antes da crise, há um ano, os dez maiores detinham 84,3% dos ativos totais; participação dos 5 maiores vai de 66,3% para 77,4%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise econômica internacional reforçou o perfil de concentração do sistema bancário
do país. O que se viu nos últimos trimestres foi a ampliação
da fatia controlada pelas maiores instituições financeiras.
Os dez maiores bancos que
operam no país, que em setembro de 2008 concentravam
84,3% dos ativos totais, ampliaram sua participação para
88,9% no fim do primeiro semestre deste ano. Em setembro de 2007, o percentual estava em 80,7%. O levantamento,
feito pela Folha, se baseou no
ranking do setor realizado pelo
BC a partir de balanços apresentados por cem bancos comerciais e múltiplos.
Segundo os dados do BC, os
cinco maiores bancos viram a
participação saltar de 66,3%
para 77,4% do total entre setembro de 2008 e junho deste
ano. Neste caso, a expansão reflete mais fortemente o impacto das operações que levaram à
união de Itaú e Unibanco e BB
e Nossa Caixa. É que tanto Unibanco como Nossa Caixa não
estavam entre as cinco maiores
instituições do país e, dessa
forma, incharam o topo do ranking dos bancos.
Apesar de a crise não ter levado bancos a quebrar no país,
como ocorreu nos EUA e na
Europa, muitas instituições
menores perderam espaço nos
últimos meses por encontrarem dificuldades crescentes
para manter o crédito aquecido
e atrair novos aplicadores.
"Os bancos de menor porte,
com exceção dos que têm uma
carteira de consignado forte,
foram mais afetados na crise e
perderam espaço no mercado
de crédito. O avanço dos grandes bancos teria sido ainda
mais expressivo se não tivesse
havido a opção de restringir
sua carteira de crédito", diz
Luis Miguel Santacreu, analista financeiro da Austin Rating.
O crédito tem sido um dos
principais motores da expansão dos resultados e do crescimento dos bancos. Durante a
crise, ocorreram ao menos dois
movimentos relevantes nessa
área: de um lado, os bancos
-com exceção dos gigantes públicos- emprestaram menos,
especialmente a pessoas físicas, para minimizar os riscos
de sofrer calote; de outro, as
empresas reduziram a demanda por crédito, pois não sabiam
o quanto a crise prejudicaria o
crescimento econômico.
Dessa forma, com a esperada
retomada futura do crédito,
principalmente a partir do último trimestre de 2009, os bancos de menor porte podem retomar um pouco do espaço que
perderam para os gigantes.
"Presenciamos uma concentração decorrente da conjuntura, que tende a perder fôlego à
medida que os bancos médios
voltem a crescer e a retomar o
crédito", afirma Santacreu.
Menos concorrência
Para os consumidores, a concentração de qualquer setor
não costuma ser uma boa notícia. Isso porque maior concentração significa que menos
agentes (nesse caso, os bancos)
detêm uma fatia mais expressiva do mercado. E, quanto menos concorrência houver,
maiores são as chances de preços e custos praticados serem
parecidos, enquanto ofertas e
oportunidades diminuem.
A operação de compra da
Nossa Caixa pelo BB e a fusão
de Itaú e Unibanco, ambas
anunciadas no ano passado,
ilustram bem esse movimento:
onde antes o cliente tinha quatro bancos para escolher qual a
melhor taxa praticada, agora há
apenas duas opções.
Ao menos no que se refere a
fusões e aquisições, que colaboram para a concentração bancária, poucos eventos relevantes tendem a ocorrer nos próximos trimestres. Analistas avaliam que dificilmente haverá
tão cedo alguma operação de
grande porte, como as de 2008.
As últimas especulações citavam Citibank e HSBC, que, devido às dificuldades de suas
matrizes no exterior, poderiam
ser vendidos por aqui. Os bancos sempre as negaram.
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