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Belo Monte entra na mira de grandes empresas
Companhias como Vale, Votorantim, CSN e Alcoa avaliam participação em usina
Governo vai liberar fatia
de 20% do projeto para os chamados autoprodutores e assim avalia que conseguirá dois consórcios na disputa
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos quatros grandes
grupos industriais montaram
comitês internos para estudar a
participação no leilão da usina
hidrelétrica de Belo Monte, no
Pará. A obra será a maior do
país depois de Itaipu, terá custo
estimado em R$ 20 bilhões e
demorará dez anos para ficar
pronta. A responsabilidade do
projeto é da Eletrobrás. Entre
os grupos estão a Vale do Rio
Doce, a Votorantim, a Alcoa e a
CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional). O empreendimento
está em fase de licenciamento
ambiental, mas a expectativa
do governo é colocar o projeto
em leilão até o fim deste ano.
A participação desses grupos
como investidores pode viabilizar o plano do governo federal
de conseguir a formação de
dois consórcios. Além dos autoprodutores, construtoras como
a Camargo Corrêa, Odebrecht e
Andrade Gutierrez devem integrar os consórcios. Como investidores, a CPFL e a Neoenergia, ambas com participações da Previ, também podem
fazer parte da disputa.
Em entrevista à Folha, Maurício Tolmasquim, presidente
da EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), disse que conseguiu "mapear" os grupos interessados e que o modelo que
permite a participação dos autoprodutores nos consórcios
garantirá a formação de dois
consórcios. O governo estava
preocupado com o risco de haver apenas um consórcio na
disputa, o que acabaria com a
concorrência observada no leilão das usinas do rio Madeira.
Além dos autoprodutores,
outro trunfo do governo é o
grupo Eletrobrás, que poderá
entrar no negócio como holding ou dividir a partir das subsidiárias, que poderiam buscar
as composições nos consórcios.
"A participação da Eletrobrás
como holding ou através das
subsidiárias não muda nada.
Para o mercado, a forma independe", disse.
Para abrigar os autoprodutores, o governo irá mudar o modelo de divisão da energia em
relação àquele usado nas usinas do rio Madeira. A parte
destinada aos consumidores livres será reduzida de 30% para
10%. Os 20% ficarão para os
consórcios que conseguirem
atrair os autoprodutores. Nesse caso, a parte do mercado cativo (formado pelas distribuidoras que compram energia
para atender aos consumidores
comuns) continuará em 70%,
como no rio Madeira.
Mas caso não haja autoprodutores, o consórcio terá então
de vender não mais 70% ao
mercado cativo, mas 90% da
energia. Uma fonte ligada aos
autoprodutores disse que a
oferta de 20% para os grandes
grupos industriais é razoável,
mas há grandes dúvidas ainda
sobre os riscos ambientais e sociais do projeto, além da falta
de informações sobre o valor
real da obra. Em princípio, os
autoprodutores querem investir, mas sem o risco ambiental.
O governo, em princípio, não
aceitou.
Hoje, a Abdib (Associação
Brasileira da Infraestrutura e
Indústrias de Base) promoverá
encontro para discutir o projeto. Autoridades da área energética do governo devem participar do evento e a expectativa é
que muitos esclarecimentos
sobre o edital de Belo Monte
sejam divulgados.
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