São Paulo, Sexta-feira, 22 de Outubro de 1999
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TELECOMUNICAÇÕES

É o segundo meganegócio entre britânicos e alemães em três meses; valor foi de US$ 33 bi

Mannesmann compra telefônica Orange

FÁBIO ZANINI
de Londres

O grupo alemão de telecomunicações Mannesmann anunciou ontem a compra da Orange, terceira maior operadora de telefonia celular do Reino Unido, por 19,8 bilhões de libras (o equivalente a US$ 33 bilhões).
É o segundo meganegócio envolvendo a compra de companhias britânicas de celulares em menos de três meses.
No início de agosto, a One2One, quarta no ranking britânico de telefonia móvel, foi adquirida pela alemã Deutsche Telekom pelo equivalente a US$ 13,6 bilhões.
A Orange controla cerca de 17% da telefonia celular no Reino Unido, tendo 3,6 milhões de clientes, atrás da Vodafone e da BT Cellnet, líder e vice-líder no mercado britânico, respectivamente.
Mas o novo conglomerado que surge a partir desse negócio será o maior em operação de telefonia móvel da Europa.
Além da fatia da Orange em solo britânico, a Mannesmann tem ainda negócios na própria Alemanha, Bélgica, Suíça, França e Itália, onde possui participação acionária de 55% na empresa Omnitel. No total, serão mais de 16 milhões de clientes.
A Orange, criada há apenas cinco anos, é vista por analistas de telecomunicações como uma empresa com estratégia de marketing ousada e com potencial para disputar a liderança do crescente mercado de telefonia celular britânico nos próximos anos.
A empresa está investindo fortemente na conexão de telefones celulares à Internet, tecnologia que deve dominar o setor nos próximos anos.
No primeiro semestre de 99, a Orange teve faturamento de 813 milhões de libras (US$ 1,35 bilhão), mas teve prejuízo de 17 milhões de libras (US$ 28 milhões).
O preço de compra foi considerado alto pelo mercado, o que fez com que as ações da Mannesmann caíssem 7% logo após o anúncio da aquisição.
O valor do desembolso foi o equivalente a 5.500 libras por cliente da Orange. Na compra da One2One, cada cliente "custou" 3.300 libras.
"Sim, pagamos caro, mas este negócio é uma das últimas possibilidades que tínhamos para entrar no dinâmico mercado de telefonia celular britânico", disse Klaus Esser, diretor-executivo da Mannesmann.
Os US$ 33 bilhões serão quitados parte em dinheiro (40% do valor) e o restante em ações da própria Mannesmann repassadas ao grupo Hutchison Whampoa, baseado em Hong Kong, que detém 45% do capital da Orange.
A transferência transformará o Hutchison no maior acionista individual da empresa alemã, com cerca de 10% de suas ações.
"A oferta da Mannesmann abre para nós várias oportunidades de desenvolvimento de novas tecnologias em telefonia celular", afirmou Hans Snook, diretor-executivo da Orange, que terá um cargo na diretoria do conglomerado.


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