São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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Para governo, nota da Fitch é "equivocada"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo chamou de "equivocada" e "extemporânea" a decisão da Fitch de rebaixar a nota atribuída ao Brasil. Para a equipe econômica, a agência de classificação de risco deveria ter esperado o resultado das eleições antes de tomar essa decisão.
O Ministério da Fazenda e o Banco Central criticaram a decisão da agência em nota divulgada ontem: "Qualquer avaliação séria deveria aguardar algumas semanas para então reconsiderar o risco associado à dívida soberana brasileira. [...] Por que não aguardar para avaliar a situação após as eleições?" Raramente há comentários em relação a decisões de agências de classificação. Em geral, quando ocorrem mudanças na nota atribuída ao Brasil, a equipe econômica se abstém de comentários, sob o argumento de que não cabe ao governo comentar o trabalho de agências, que atuam de maneira independente para avaliar o risco associado a cada país.
A última manifestação a esse respeito foi feita em outubro do ano passado, quando o BC afirmou que a Standard & Poor's havia usado números e critérios errados ao avaliar a situação das contas externas do Brasil. Havia a preocupação de evitar que, na visão dos investidores, a situação do Brasil fosse confundida com a da Argentina.
Agora, a menos de uma semana do segundo turno e com as pesquisas indicando a vitória do candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governo se esforça para mostrar que as dificuldades da economia brasileira não são tão graves como a Fitch avalia.
No comunicado divulgado ontem, o governo se concentra em três assuntos: transição política, contas externas e dívida pública.
Sobre a transição, o documento afirma que a agência deveria ter esperado pelo resultado das eleições para tomar uma decisão sobre a nota atribuída ao Brasil. A nota lembra que a própria agência ainda se sente incapaz de julgar os desdobramentos da eleição.
A equipe econômica também contesta o fato de a Fitch ter dado "pouco peso" ao ajuste nas contas externas ocorrido neste ano.O déficit em transações correntes deve fechar o ano abaixo de US$ 13 bilhões, contra US$ 23 bilhões em 2001. A melhora se deve ao crescimento do superávit da balança comercial.


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