São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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TRABALHO

Em agosto, queda no país é de 1,1%; renda volta a ter recuo, diz IBGE

SP puxa queda no emprego industrial

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O emprego na indústria caiu 1,1% em agosto na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação a julho, houve um recuo menor: 0,3%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Estado que concentra cerca de 38% dos empregos na indústria, São Paulo é o principal responsável pela retração do número de ocupados no setor. Em agosto, o emprego na indústria paulista diminuiu acima da média nacional: 3,6% ante agosto de 2001 e 0,7% em relação a julho de 2002.
A razão para a queda mais intensa em São Paulo é que ramos tradicionais e de peso da indústria do Estado são justamente os com pior desempenho. É o caso do setor eletroeletrônico e de comunicações, cujo nível de emprego caiu 20% em São Paulo.
Na média nacional, os setores típicos da indústria paulista também são os que mostram as quedas de maior impacto: eletroeletrônicos e comunicações (13,2%), produtos de metal (4,6%) e material de transporte (3,8%) -este último abrange a indústria automobilística.
Desde dezembro de 2001, o emprego na indústria está em declínio na comparação com igual mês do ano anterior. Nem nos primeiros meses de 2002, quando a produção do setor esboçou uma recuperação, o nível de emprego conseguiu acompanhar o ritmo. Neste ano, a redução acumulada é de 1,3% na média nacional.

Incerteza
Segundo o IBGE, o clima de incerteza -com a crise cambial, o consumidor retraído e a expectativa em relação às eleições- explica a retração prolongada do emprego na indústria.
"O industrial só vai produzir mais quando tiver demanda aquecida. Essa estagnação da produção influencia o mercado de trabalho", disse Denise Cordovil, técnica do IBGE.
Em agosto, a produção industrial ficou praticamente estável, com alta de apenas 0,3% em relação a julho, na taxa livre de influências sazonais.
Para a economista Marcela Prada, da Tendência Consultoria, com a indefinição causada pelo processo eleitoral, os empresários estão adiando planos de investimento e, consequentemente, novas contratações.
O emprego na indústria só não está mais enfraquecido porque alguns setores, cuja produção têm se mostrado dinâmica, estão criando novas vagas. São exemplos o ramo de alimentos e bebidas e refino de petróleo e produção de álcool, com altas de 5,3% e 38,4%, respectivamente, ante agosto de 2001.

Folha de pagamento
Em queda desde janeiro deste ano, a folha de pagamento real (descontada a inflação) da indústria recuou 2% em relação a agosto de 2001. No acumulado do ano, a redução é de 2,4%.
Assim como no caso do emprego, a folha de pagamento foi influenciada pelo resultado de São Paulo, onde houve uma retração de 5,4%.
Pelo conceito do IBGE, folha de pagamento inclui salários, horas extras, benefícios e encargos pagos pelo setor.


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