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CANINHA
Projeto da universidade em São Carlos visa lançar aguardente com certificado de origem baseado em bebida européia
USP quer dar status de vinho à cachaça
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma cachaça com pedigree, ou
seja, com certificação de origem
baseada nos moldes dos vinhos
franceses e italianos.
Esse é o objetivo do projeto do
Laboratório de Desenvolvimento
de Química de Aguardente da
USP (Universidade de São Paulo)
de São Carlos. Os pesquisadores
pretendem elaborar um método
de certificação com base em um
levantamento que relacione os
componentes químicos e climáticos à região de procedência da
aguardente.
Com isso, seria possível lançar
no mercado uma cachaça
C.q.p.r.d (Cachaça de Qualidade
Produzida em Região Determinada), por analogia ao sistema francês de certificação de vinhos que
utiliza sigla semelhante.
"Isso vai conferir um novo status à bebida mais consumida no
Brasil", afirma o coordenador da
pesquisa, Douglas Franco.
Para o produtor, a principal
vantagem da tipificação da bebida
é a possibilidade de agregar valor
ao seu produto e oferecer uma
ferramenta que associe marketing
e pesquisa científica para aumentar as exportações.
Ponto de partida
Segundo Franco, o projeto piloto abrange apenas as cachaças
produzidas nas regiões localizadas num raio de 200 km em torno
de São Carlos e Araraquara.
A região não foi escolhida por
acaso. O Estado de São Paulo detém cerca de 70% da produção
nacional, com 1 bilhão de litros
por ano.
O levantamento começou a ser
feito no fim de setembro e conta
até o momento com 20 produtores. A meta é atingir de 40 a 60 fabricantes de cachaça.
As amostras de cachaça serão
colhidas antes do engarrafamento
e analisadas por um período que
pode chegar a um ano. Depois
disso, será emitido um parecer
confidencial sobre a formulação
do produto.
"Com esses dados em mão, o
produtor pode fazer o que quiser.
Tanto pode divulgá-lo quanto
usá-lo para melhorar o que é produzido", explica o coordenador.
O produtor da região de Campinas César Cestari já aderiu ao programa. Com uma produção de
500 mil litros por ano -considerada de pequeno porte-, Cestari
diz acreditar que, caso seja concretizada, a certificação pode ajudá-lo a impulsionar as vendas,
principalmente as externas.
"Hoje é muito difícil para o pequeno produtor competir pelo
mercado externo com os grandes
fabricantes. O preço deles é cerca
de 50% mais baixo que o nosso.
Com um produto diferenciado,
teríamos mais chances", avalia.
A participação no projeto de
certificação é gratuita.
ONDE ENCONTRAR - Laboratório de
Desenvolvimento de Química da Aguardente - tel: 0/XX/16 273-9976
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