São Paulo, terça-feira, 22 de outubro de 2002

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CANINHA

Projeto da universidade em São Carlos visa lançar aguardente com certificado de origem baseado em bebida européia

USP quer dar status de vinho à cachaça

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cachaça com pedigree, ou seja, com certificação de origem baseada nos moldes dos vinhos franceses e italianos.
Esse é o objetivo do projeto do Laboratório de Desenvolvimento de Química de Aguardente da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos. Os pesquisadores pretendem elaborar um método de certificação com base em um levantamento que relacione os componentes químicos e climáticos à região de procedência da aguardente.
Com isso, seria possível lançar no mercado uma cachaça C.q.p.r.d (Cachaça de Qualidade Produzida em Região Determinada), por analogia ao sistema francês de certificação de vinhos que utiliza sigla semelhante.
"Isso vai conferir um novo status à bebida mais consumida no Brasil", afirma o coordenador da pesquisa, Douglas Franco.
Para o produtor, a principal vantagem da tipificação da bebida é a possibilidade de agregar valor ao seu produto e oferecer uma ferramenta que associe marketing e pesquisa científica para aumentar as exportações.

Ponto de partida
Segundo Franco, o projeto piloto abrange apenas as cachaças produzidas nas regiões localizadas num raio de 200 km em torno de São Carlos e Araraquara.
A região não foi escolhida por acaso. O Estado de São Paulo detém cerca de 70% da produção nacional, com 1 bilhão de litros por ano.
O levantamento começou a ser feito no fim de setembro e conta até o momento com 20 produtores. A meta é atingir de 40 a 60 fabricantes de cachaça.
As amostras de cachaça serão colhidas antes do engarrafamento e analisadas por um período que pode chegar a um ano. Depois disso, será emitido um parecer confidencial sobre a formulação do produto.
"Com esses dados em mão, o produtor pode fazer o que quiser. Tanto pode divulgá-lo quanto usá-lo para melhorar o que é produzido", explica o coordenador.
O produtor da região de Campinas César Cestari já aderiu ao programa. Com uma produção de 500 mil litros por ano -considerada de pequeno porte-, Cestari diz acreditar que, caso seja concretizada, a certificação pode ajudá-lo a impulsionar as vendas, principalmente as externas.
"Hoje é muito difícil para o pequeno produtor competir pelo mercado externo com os grandes fabricantes. O preço deles é cerca de 50% mais baixo que o nosso. Com um produto diferenciado, teríamos mais chances", avalia.
A participação no projeto de certificação é gratuita.


ONDE ENCONTRAR - Laboratório de Desenvolvimento de Química da Aguardente - tel: 0/XX/16 273-9976



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