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Congresso discute criação "humana" do gado
JOSÉ SERGIO OSSE
ENVIADO A UBERABA (MG)
Rediscutir as formas da produção nacional de carne bovina é
um dos objetivos do 5º Congresso
Brasileiro das Raças Zebuínas,
iniciado no domingo. Os debates
visam conscientizar os produtores da necessidade de incluir no
processo de criação conceitos de
manejo cada vez mais exigidos no
exterior, como, por exemplo, o
bem-estar animal.
Esses conceitos levam em conta
desde o impacto ambiental da
produção até o tratamento dispensado ao animal. Baseiam-se
em padrões de conduta rígidos e
que, se seguidos à risca, garantem
uma criação mais saudável, "humana" e sem agressão ambiental.
Além de ser uma exigência crescente para a exportação, esses
conceitos podem ser bastantes lucrativos para o produtor. Essas
práticas não apenas melhoram a
qualidade da carne como também otimizam a produção nacional e tornam mais eficiente.
Segundo Luiz António Josahkian, diretor da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de
Zebu) e um dos organizadores do
congresso, a otimização do processo produtivo pode melhorar
em até 30% algumas etapas da
criação. Para ele, há um gargalo
de qualidade no cuidado dos animais entre a desmama e o abate.
A adoção de técnicas diferenciadas pode fazer essa etapa da produção mais eficiente. Assim, os
animais ficariam prontos para o
abate mais cedo e, para ele, o abate nacional anual poderia aumentar 50%, passando de 20 milhões
de cabeças por ano para 30 milhões de cabeças anuais.
A idéia do evento é despertar
nos produtores a consciência de
que alterar a forma de produção
não é só uma maneira de atender
o mercado importador mas também de reduzir custos no longo
prazo e aumentar os lucros.
Os sucessivos palestrantes apresentarão, segundo Josahkian, diferentes formas eficientes de manejo diferenciado que atendem as
exigências internacionais e elevam o lucro do produtor. Ele afirma, porém, que nem tudo vale
para todos, que cada região deve
adotar só as práticas que trarão algum benefício para o produtor.
"Não existe solução única para
todo o Brasil. É preciso regionalizar as práticas e técnicas, de forma
a atender as demandas e necessidades particulares de cada região
produtora", diz. "Dos cerca de
900 participantes, acredito que
apenas uns 10% vão colocar realmente em prática algo que aprenderam aqui. Mas o bom é que essa
discussão vai despertar interesses
pontuais nos produtores, que
irão, mais tarde, atrás das práticas
que sejam importantes para eles."
De acordo com Josahkian, hoje
até mesmo as faculdades de zootecnia e veterinária estão começando a dar relevância aos novos
métodos e conceitos de manejo e
criação, exigidos pelo mercado. A
explicação disso é que, de certa
forma, os pecuaristas já acreditam
que essas exigências são uma tendência irreversível do mercado.
O jornalista José Sergio Osse viajou a
Uberaba a convite da ABCZ
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