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POLÊMICA
Ministro da Agricultura cita exemplo argentino para defender o plantio de soja modificada; Marina Silva não comenta
Mercado definirá transgênico, diz Rodrigues
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que
o mercado vai acabar definindo
qual será a participação dos transgênicos na agricultura brasileira.
"Há mercado para transgênicos, para não-transgênicos, para
orgânicos, para tudo. Esse mercado é que acabará, de uma certa
maneira, delimitando a área de
plantio", afirmou.
Para o ministro, a situação da
Argentina demonstra que há um
mercado crescente para os alimentos geneticamente modificados. "A Argentina tem 98% de soja transgênica e foi o país que mais
cresceu em exportações de soja
nos últimos anos", afirmou.
Apesar disso, Rodrigues defendeu que o país tome as precauções
necessárias que o plantio de
transgênicos exige, entre elas a de
rotular os alimentos modificados.
"O mercado quer rotulagem,
quer saber que tipo de soja é. Esse
é um problema sobre o qual temos que nos debruçar com mais
vigor, porque é complicado."
Termo de compromisso
Principal defensor do plantio de
transgênicos dentro do governo,
Rodrigues fez um apelo para que
os produtores interessados em
plantar soja geneticamente modificada assinem logo o termo de
compromisso obrigatório previsto na medida provisória que liberou o plantio de transgênicos em
setembro.
Segundo a medida, a assinatura
do termo é condição para que os
produtores plantem seus estoques de grãos modificados.
O termo obriga o agricultor a informar as quantidades negociadas, o destino do produto e a não
replantar, sem autorização, a soja
colhida neste ano.
Se não o assinarem, os agricultores que plantarem transgênicos
poderão perder o crédito agrícola,
segundo a MP.
Ambiente
Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva,
informou que não iria comentar
as declarações de Rodrigues.
Silva é a principal resistência,
dentro do governo, à adoção dos
transgênicos no Brasil.
Rodrigues participou ontem de
um seminário sobre agronegócio.
No evento, o presidente da Bunge
Fertilizantes, Mário Barbosa Neto, disse que a safra de grãos do
país poderá chegar em 2004 a
aproximadamente 135 milhões de
toneladas, crescimento de 10%
sobre a safra recorde deste ano. O
crescimento da safra acompanha
normalmente o aumento das
compras de fertilizantes, e neste
ano as vendas devem crescer 10%
e atingir 21 milhões de toneladas.
O aumento da safra, segundo o
ministro, deverá tornar mais crítico o problema de logística do país,
tanto de estradas para o escoamento como o de instalações para
armazenagem.
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