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São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2003

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POLÊMICA

Ministro da Agricultura cita exemplo argentino para defender o plantio de soja modificada; Marina Silva não comenta

Mercado definirá transgênico, diz Rodrigues

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que o mercado vai acabar definindo qual será a participação dos transgênicos na agricultura brasileira.
"Há mercado para transgênicos, para não-transgênicos, para orgânicos, para tudo. Esse mercado é que acabará, de uma certa maneira, delimitando a área de plantio", afirmou.
Para o ministro, a situação da Argentina demonstra que há um mercado crescente para os alimentos geneticamente modificados. "A Argentina tem 98% de soja transgênica e foi o país que mais cresceu em exportações de soja nos últimos anos", afirmou.
Apesar disso, Rodrigues defendeu que o país tome as precauções necessárias que o plantio de transgênicos exige, entre elas a de rotular os alimentos modificados.
"O mercado quer rotulagem, quer saber que tipo de soja é. Esse é um problema sobre o qual temos que nos debruçar com mais vigor, porque é complicado."

Termo de compromisso
Principal defensor do plantio de transgênicos dentro do governo, Rodrigues fez um apelo para que os produtores interessados em plantar soja geneticamente modificada assinem logo o termo de compromisso obrigatório previsto na medida provisória que liberou o plantio de transgênicos em setembro.
Segundo a medida, a assinatura do termo é condição para que os produtores plantem seus estoques de grãos modificados.
O termo obriga o agricultor a informar as quantidades negociadas, o destino do produto e a não replantar, sem autorização, a soja colhida neste ano.
Se não o assinarem, os agricultores que plantarem transgênicos poderão perder o crédito agrícola, segundo a MP.

Ambiente
Procurada por meio de sua assessoria de imprensa, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informou que não iria comentar as declarações de Rodrigues.
Silva é a principal resistência, dentro do governo, à adoção dos transgênicos no Brasil.
Rodrigues participou ontem de um seminário sobre agronegócio. No evento, o presidente da Bunge Fertilizantes, Mário Barbosa Neto, disse que a safra de grãos do país poderá chegar em 2004 a aproximadamente 135 milhões de toneladas, crescimento de 10% sobre a safra recorde deste ano. O crescimento da safra acompanha normalmente o aumento das compras de fertilizantes, e neste ano as vendas devem crescer 10% e atingir 21 milhões de toneladas.
O aumento da safra, segundo o ministro, deverá tornar mais crítico o problema de logística do país, tanto de estradas para o escoamento como o de instalações para armazenagem.


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