São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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TENSÃO PÓS-COPOM

Com Selic maior, papéis do setor financeiro puxam alta da Bolsa

Juros futuros e ações de bancos sobem; dólar cai

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação da taxa básica de juros da economia agradou a diferentes segmentos do mercado. As ações de bancos foram destaque de alta na Bovespa. Os juros futuros também subiram com força na BM&F, com os investidores ajustando suas posições à nova realidade. O dólar fechou em baixa de 0,48%, a R$ 2,858.
Como mostra de que o investidor acredita que a alta da taxa básica (Selic) é benéfica para os bancos, as ações preferenciais do Bradesco registraram o maior ganho do pregão de ontem: 5,40%. Em seguida, vieram as ações do Itaú (4,12%), do Banco do Brasil (3,44%) e do Unibanco (1,35%).
Anteontem, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) anunciou a elevação da taxa básica de juros de 16,25% para 16,75%. A maioria do mercado esperava que realmente houvesse uma alta, mas um pouco menor, de 0,25 ponto percentual.
A Bovespa fechou com alta de 0,81%, empurrada pelas ações dos bancos. Em tese, uma alta dos juros é ruim para o mercado acionário. Isso porque a expectativa de ganhos das empresas diminui. Como o crédito encarece, os empresários podem adiar investimentos planejados.
Ontem, as empresas que quiseram tomar empréstimos já pagaram mais caro. As taxas prefixadas para 360 dias -que definem os custos dos empréstimos destinados às empresas- passaram de 17,48% na quarta para 17,69% ontem. Em janeiro, essa taxa estava em 15,20%.

Perdas e ganhos
Quem aplica nos fundos DI -que carregam principalmente papéis pós-fixados- deve ganhar mais com a alta da taxa básica de juros.
Já o investidor que tem aplicações em fundos de renda fixa prefixada pode ficar com a cota do fundo negativa por um dia e ter um rendimento menor acumulado no final do mês.
"Alguns investidores que têm dinheiro aplicado em fundos [com juros prefixados] vão sentir um impacto na cota devido à elevação nos juros um pouco mais forte do que a maioria do mercado aguardava", diz Roberto Fargetti, da SLW Corretora.
A movimentação de contratos DI (Depósito Interfinanceiro) na BM&F foi forte. As instituições correram para ajustar suas posições às novas taxas.
No contrato DI mais negociado, com prazo de resgate em abril de 2005, a taxa foi de 17,19% para 17,45%. Analistas observam que, pelo menos, as taxas dos contratos com vencimentos mais longos quase não se alteraram, o que mostra que as perspectivas de mais longo prazo não mudaram por enquanto.
O mercado agora espera a ata da reunião do Copom para obter detalhes sobre a decisão de quarta-feira. O documento será conhecido na próxima quinta-feira e trará explicações para a decisão de anteontem . Dependendo do conteúdo da ata, o mercado poderá ter um dia bastante agitado.
"A expectativa para os juros é de alta para os próximos meses. Mas, para estimar a intensidade do movimento de alta, temos de conhecer primeiro o conteúdo da ata do Copom. A ata tem de ser convincente em sua justificativa para a alta dos juros. Do contrário, certamente o mercado ficará desorientado", afirma Alex Agostini, analista da consultoria Global Invest.


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