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TENSÃO PÓS-COPOM
Com Selic maior, papéis do setor financeiro puxam alta da Bolsa
Juros futuros e ações de bancos sobem; dólar cai
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação da taxa básica de juros da economia agradou a diferentes segmentos do mercado. As
ações de bancos foram destaque
de alta na Bovespa. Os juros futuros também subiram com força
na BM&F, com os investidores
ajustando suas posições à nova
realidade. O dólar fechou em baixa de 0,48%, a R$ 2,858.
Como mostra de que o investidor acredita que a alta da taxa básica (Selic) é benéfica para os bancos, as ações preferenciais do Bradesco registraram o maior ganho
do pregão de ontem: 5,40%. Em
seguida, vieram as ações do Itaú
(4,12%), do Banco do Brasil
(3,44%) e do Unibanco (1,35%).
Anteontem, o Copom (Comitê
de Política Monetária do BC)
anunciou a elevação da taxa básica de juros de 16,25% para
16,75%. A maioria do mercado esperava que realmente houvesse
uma alta, mas um pouco menor,
de 0,25 ponto percentual.
A Bovespa fechou com alta de
0,81%, empurrada pelas ações dos
bancos. Em tese, uma alta dos juros é ruim para o mercado acionário. Isso porque a expectativa
de ganhos das empresas diminui.
Como o crédito encarece, os empresários podem adiar investimentos planejados.
Ontem, as empresas que quiseram tomar empréstimos já pagaram mais caro. As taxas prefixadas para 360 dias -que definem
os custos dos empréstimos destinados às empresas- passaram
de 17,48% na quarta para 17,69%
ontem. Em janeiro, essa taxa estava em 15,20%.
Perdas e ganhos
Quem aplica nos fundos DI
-que carregam principalmente
papéis pós-fixados- deve ganhar mais com a alta da taxa básica de juros.
Já o investidor que tem aplicações em fundos de renda fixa prefixada pode ficar com a cota do
fundo negativa por um dia e ter
um rendimento menor acumulado no final do mês.
"Alguns investidores que têm
dinheiro aplicado em fundos
[com juros prefixados] vão sentir
um impacto na cota devido à elevação nos juros um pouco mais
forte do que a maioria do mercado aguardava", diz Roberto Fargetti, da SLW Corretora.
A movimentação de contratos
DI (Depósito Interfinanceiro) na
BM&F foi forte. As instituições
correram para ajustar suas posições às novas taxas.
No contrato DI mais negociado,
com prazo de resgate em abril de
2005, a taxa foi de 17,19% para
17,45%. Analistas observam que,
pelo menos, as taxas dos contratos com vencimentos mais longos
quase não se alteraram, o que
mostra que as perspectivas de
mais longo prazo não mudaram
por enquanto.
O mercado agora espera a ata da
reunião do Copom para obter detalhes sobre a decisão de quarta-feira. O documento será conhecido na próxima quinta-feira e trará
explicações para a decisão de anteontem . Dependendo do conteúdo da ata, o mercado poderá
ter um dia bastante agitado.
"A expectativa para os juros é de
alta para os próximos meses. Mas,
para estimar a intensidade do
movimento de alta, temos de conhecer primeiro o conteúdo da
ata do Copom. A ata tem de ser
convincente em sua justificativa
para a alta dos juros. Do contrário, certamente o mercado ficará
desorientado", afirma Alex Agostini, analista da consultoria Global
Invest.
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