São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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BALANÇO

Novo recorde é quebrado graças ao bom desempenho da balança comercial; saldo é positivo também em viagens

Conta externa tem saldo de quase US$ 10 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As contas externas devem registrar um saldo positivo de mais de US$ 10 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, segundo estimativa do Banco Central. Se confirmada a projeção, o resultado seria o mais elevado desde que essa estatística começou a ser calculada no Brasil, em 1947.
Os números refletem, principalmente, o desempenho recente da balança comercial. Entre janeiro e setembro, as exportações superaram as importações em US$ 25,114 bilhões, valor que conseguiu superar o saldo de US$ 24,794 bilhões acumulado ao longo de todo o ano de 2003.
No mesmo período, a conta de transações correntes -que inclui todos os bens e serviços negociados com outros países, além do dinheiro enviado por brasileiros que moram no exterior- registrou um superávit de US$ 9,603 bilhões. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o saldo deste mês deve ficar em US$ 900 milhões, o que levaria o valor acumulado no ano para US$ 10,5 bilhões.
Antes desse resultado, o maior superávit dos primeiros dez meses de um ano havia sido registrado em 1992. Naquela ocasião, o saldo positivo ficou em US$ 4,7 bilhões. Nos últimos 57 anos, em apenas 8 o Brasil teve superávit em transações correntes.
As contas externas brasileiras têm sido beneficiadas por uma série de fatores. Em 2002 e 2003, a desvalorização do real já favorecia as vendas de produtos brasileiros, cujos preços, em dólar, eram mais baixos do que o de seus concorrentes.
Neste ano, o impulso vem do forte crescimento econômico observado em vários países. O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que a economia mundial crescerá 5% em 2004, o melhor resultado em 30 anos. Nesse cenário, o fluxo de comércio internacional tende a aumentar, o que favorece exportações brasileiras.
A recessão ocorrida em 2003 -quando o PIB encolheu 0,2%-, somada à queda da renda da população, também provocou uma inversão em outras contas, como a de viagens internacionais. Entre janeiro e setembro deste ano, os turistas estrangeiros em viagem ao Brasil gastaram US$ 347 milhões a mais do que os brasileiros que foram ao exterior no período.
Graças a esses fatores, o superávit em transações correntes nos últimos 12 meses somou o valor recorde de US$ 9,821 bilhões, o equivalente a 1,8% do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se, pelo segundo mês consecutivo, do maior resultado já registrado desde 1947.
Para o economista Fernando Ribeiro, da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), o bom desempenho da balança comercial deve continuar a sustentar, "tranqüilamente", o resultado das contas externas pelos próximos meses.
Mesmo com o bom resultado observado até agora, espera-se que haja uma redução no superávit em transações correntes nos próximos meses. Isso porque, normalmente, a balança comercial registra saldos menos expressivos nessa época, devido às importações feitas para as festas de fim de ano.
De acordo uma projeção feita pelo BC, o superávit de 2004 deve ficar em US$ 6,7 bilhões. A estimativa da Sobeet, um pouco mais otimista, é de um saldo de pelo menos US$ 7 bilhões.


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