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BALANÇO
Novo recorde é quebrado graças ao bom desempenho da balança comercial; saldo é positivo também em viagens
Conta externa tem saldo de quase US$ 10 bi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As contas externas devem registrar um saldo positivo de mais de
US$ 10 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, segundo estimativa do Banco Central. Se confirmada a projeção, o resultado seria
o mais elevado desde que essa estatística começou a ser calculada
no Brasil, em 1947.
Os números refletem, principalmente, o desempenho recente da
balança comercial. Entre janeiro e
setembro, as exportações superaram as importações em US$
25,114 bilhões, valor que conseguiu superar o saldo de US$
24,794 bilhões acumulado ao longo de todo o ano de 2003.
No mesmo período, a conta de
transações correntes -que inclui
todos os bens e serviços negociados com outros países, além do
dinheiro enviado por brasileiros
que moram no exterior- registrou um superávit de US$ 9,603
bilhões. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o saldo deste mês
deve ficar em US$ 900 milhões, o
que levaria o valor acumulado no
ano para US$ 10,5 bilhões.
Antes desse resultado, o maior
superávit dos primeiros dez meses de um ano havia sido registrado em 1992. Naquela ocasião, o
saldo positivo ficou em US$ 4,7
bilhões. Nos últimos 57 anos, em
apenas 8 o Brasil teve superávit
em transações correntes.
As contas externas brasileiras
têm sido beneficiadas por uma série de fatores. Em 2002 e 2003, a
desvalorização do real já favorecia
as vendas de produtos brasileiros,
cujos preços, em dólar, eram mais
baixos do que o de seus concorrentes.
Neste ano, o impulso vem do
forte crescimento econômico observado em vários países. O FMI
(Fundo Monetário Internacional)
estima que a economia mundial
crescerá 5% em 2004, o melhor resultado em 30 anos. Nesse cenário, o fluxo de comércio internacional tende a aumentar, o que favorece exportações brasileiras.
A recessão ocorrida em 2003
-quando o PIB encolheu
0,2%-, somada à queda da renda da população, também provocou uma inversão em outras contas, como a de viagens internacionais. Entre janeiro e setembro
deste ano, os turistas estrangeiros
em viagem ao Brasil gastaram
US$ 347 milhões a mais do que os
brasileiros que foram ao exterior
no período.
Graças a esses fatores, o superávit em transações correntes nos
últimos 12 meses somou o valor
recorde de US$ 9,821 bilhões, o
equivalente a 1,8% do PIB (Produto Interno Bruto). Trata-se, pelo segundo mês consecutivo, do
maior resultado já registrado desde 1947.
Para o economista Fernando
Ribeiro, da Sobeet (Sociedade
Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), o bom desempenho da balança comercial deve
continuar a sustentar, "tranqüilamente", o resultado das contas
externas pelos próximos meses.
Mesmo com o bom resultado
observado até agora, espera-se
que haja uma redução no superávit em transações correntes nos
próximos meses. Isso porque,
normalmente, a balança comercial registra saldos menos expressivos nessa época, devido às importações feitas para as festas de
fim de ano.
De acordo uma projeção feita
pelo BC, o superávit de 2004 deve
ficar em US$ 6,7 bilhões. A estimativa da Sobeet, um pouco mais
otimista, é de um saldo de pelo
menos US$ 7 bilhões.
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