São Paulo, sábado, 22 de outubro de 2005

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PECUÁRIA

Segundo governo, animais vieram de foco da doença em MS e estavam em feira que pode ter espalhado vírus a várias regiões

Paraná tem quatro focos suspeitos de aftosa

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O Paraná informou ontem que detectou em seu território quatro fazendas com suspeita de contaminação do gado pela febre aftosa. Segundo o secretário da Agricultura, Orlando Pessuti, há 19 animais com sintomas da doença espalhados em propriedades do norte e do noroeste do Estado.
Segundo ele, os sintomas apresentados pelos 19 animais com suspeita são os convencionais da aftosa: mancam, salivam em excesso e apresentam febre alta.
Questionado se achava que o foco de aftosa de Mato Grosso do Sul (MS) se alastrou para o Paraná, Pessuti fez apenas um gesto de positivo com a cabeça. O Paraná tem cerca de 8,6 milhões de bovinos, 10º maior rebanho do país.
Um animal com suspeita é de uma propriedade de Maringá, três são de Loanda, outros três de Amaporã e 12 estão em uma fazenda de Grandes Rios (358 km a noroeste de Curitiba).
Pessuti e o diretor-geral da secretaria, Newton Pohl Ribas, não divulgaram os nomes das fazendas. ""Não vamos criar pânico. Não dou [os nomes] porque ainda é tudo suspeita", disse Ribas.
A confirmação da aftosa deve ocorrer até terça-feira, quando o laboratório credenciado de Belém (PA) divulga o resultado das análises de material enviado ontem.
Segundo Pessuti, todos os animais suspeitos são de Eldorado, em MS, cidade do primeiro foco da doença no Brasil neste ano, anunciado no último dia 10.
Eles participaram da exposição agropecuária Eurozebu, que aconteceu em Londrina (norte), de 1º a 9 deste mês. No plantel exposto, 43 animais eram da região infectada de MS e vários foram vendidos a pecuaristas do Paraná, de outros Estados e até para fora do país. A feira é internacional.
"Minha equipe técnica apurou que, dos bois com sintomas, todos são originários de propriedades do foco de MS. Eles chegaram a Londrina para a exposição em 24 de setembro. No dia 10 de outubro, quando fomos informados do surto, às 9h30, a maioria dos animais já tinha sido levada embora do parque de exposições", disse Pessuti. Ele não soube dizer para que outros Estados os animais podem ter ido. ""Ainda estamos levantando com o leiloeiro."
Segundo ele, o Paraná tomou as providências, com barreiras sanitárias para impedir a entrada da aftosa no Estado, tão logo o surto de Eldorado foi comunicado, mas disse que a informação chegou tarde para provocar uma interdição do gado exposto na Eurozebu.
A confirmação do surto, segundo o secretário paranaense, provocou a interdição de 40 propriedades que criam gado no Paraná.
Um rastreamento sanitário mostrou que essas fazendas receberam gado de MS nos últimos 60 dias. Foram interditadas por precaução. Dessa relação, fazem parte as quatro áreas com suspeita.
Segundo relatório dos técnicos da Agricultura, foram 12 os proprietários do Estado que compraram gado na feira de Londrina. Em oito, porém, ainda não há sintoma algum da doença.
""Num primeiro momento, nossa preocupação foi agir para fazer o bloqueio do plantel do Paraná", disse, afirmando acreditar que outros Estados -ou países vizinhos- podem ter recebido gado contaminado pela exposição com o vírus de animais de MS, na Eurozebu. ""É bem possível", disse.
Pessuti afirma que os animais do próprio Paraná encontrados nessas fazendas foram submetidos a vacinação regular -que ocorre duas vezes ao ano no Estado. A próxima está programada para começar em 1º de novembro, mas pode ser antecipada.
O Paraná faz fronteira com MS. Está a 25 km de Eldorado -cidade do primeiro foco- e a 30 km do Paraguai, país por onde a doença teria entrado no Brasil, segundo suspeitas do governo.
O Estado não registra um caso de febre aftosa há dez anos, mas foi tão afetado pelo embargo do mercado internacional de carne como os demais. ""Até hoje, não detectamos nenhum caso de aftosa em rebanho genuíno do Paraná", disse Pessuti.
Desde o anúncio dos focos em MS, mais de 40 países já restringiram a compra de carne do Brasil, o maior exportador do mundo.
Os prejuízos de exportação até os novos focos de ontem eram estimados em até US$ 1 bilhão, mas agora devem aumentar.


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