DA AGÊNCIA FOLHA, EM JAPORÃ

Entre os cinco novos focos de febre aftosa confirmados ontem em Mato Grosso do Sul, um está no assentamento Savana (Lote 205 PA), do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Japorã (486 km de Campo Grande).
O assentamento tem 212 famílias, e a maioria cria de gado de leite e sobrevive da venda do produto e da lavoura de mandioca e de subsistência. Segundo a Prefeitura de Japorã, há entre 1.200 e 1.400 animais no assentamento.
Técnicos da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) coletaram amostras da mucosa de uma vaca no lote 205 do assentamento. Até ontem, o resultado ainda não havia saído.
"Ela manca, baba, não come. Eu nunca tinha visto aftosa, mas disseram que é 95% de chance de ser a doença", disse o assentado João Silva Albuquerque, antes de saber da confirmação. Ele arrenda seu pasto para o gado de três outros assentados. No total, há oito animais na sua área.
Segundo ele, uma segunda novilha começou a apresentar sintomas da doença nos últimos dias, mas não foi coletado material.
Com a confirmação, o gado que teve contato com os animais do lote 205 poderá ter de ser abatido.
Os assentados estão preocupados porque a renda deles depende da venda do leite e muitos ainda estão pagando o financiamento da construção das casas e da compra do gado. Desde o dia 10, quando foi confirmado o primeiro foco da doença, eles estão impedidos de vender leite. Agora, temem perder também o gado.
"Se quiserem abater o gado aqui, vai ser complicado. O assentamento inteiro vai se reunir e não vai deixar abater o gado se o dinheiro não estiver aqui. Já fui convocado para isso", disse Marcelo Chervinski, que mora ao lado do lote sob suspeita. Ele tem 12 cabeças de gado, sendo quatro de leite.
"Muita gente diz que é criação [gado] do Paraguai. Estamos aqui [no assentamento] há seis anos e vacinamos o gado até três vezes ao ano desde que ganhamos as terras. É de admirar que aparecesse isso [aftosa]", disse Albuquerque. (SÍLVIA FREIRE)


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