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ARTIGO
Wal-Mart merece o Prêmio Nobel
JOHN TIERNEY
COLUNISTA DO "NEW YORK TIMES"
NÃO PRETENDO reclamar do Prêmio Nobel
da Paz concedido na
semana passada ao Grameen
Bank e a seu fundador, Muhammad Yunus. Considero-o
totalmente merecido. O Grameen Bank fez mais que o Banco Mundial para ajudar os pobres e Yunus ajudou muito
mais que Jimmy Carter, Bono
Vox ou qualquer filantropo.
Mas será que ele fez mais que
alguém que jamais recebeu o
prêmio, Sam Walton? Será que
qualquer outra organização do
mundo tirou mais pessoas da
pobreza do que o Wal-Mart?
O Grameen Bank é tanto
uma inspiração como uma lição
sobre limitações inerentes.
Comparado aos empreendimentos de caridade, é uma instituição notável em termos de
escala. Os microempréstimos
concedidos ajudaram milhares
de camponeses a criar microempresas ou a iniciar negócios de venda de ovos ou leite.
Mas existe um limite para os
montantes que camponeses
podem movimentar vendendo
ovos uns aos outros -um teto
de palha, como diz Michael
Strong. Strong, diretor da Flow,
organização que promove o espírito empresarial, é fã do Grameen Bank, mas considera que
os camponeses poderiam escapar à pobreza mais rápido com
empregos em fábricas.
A melhor maneira para que
as aldeias do Terceiro Mundo
explorem "a vasta disponibilidade de riqueza nos países desenvolvidos", argumenta, seria
vender seus produtos à maior
rede de varejo do mundo, o
Wal-Mart. Strong desafiou
qualquer um a indicar uma organização que tenha feito mais
do que o Wal-Mart para reduzir
a pobreza no Terceiro Mundo.
Até agora, obteve só respostas indignadas dos críticos da
empresa, mas ninguém ofereceu indicação convincente para
o posto de mais efetiva organização de combate à pobreza.
Produzir sapatos ou brinquedos para o Wal-Mart na América Latina ou na China pode parecer um inferno para universitários dos EUA, e certas fábricas deveriam tratar os operários melhor, como Strong reconhece. Mas existem bons motivos para que aldeões optem por
se mudar para cidades distantes centenas de quilômetros
em busca de emprego.
A maior parte dos empregos
"exploratórios", mesmo aqueles que pagam só US$ 2 ao dia,
oferece renda suficiente para
tirar o trabalhador da pobreza e
muitas vezes elevá-lo bem acima desse patamar, segundo estudo dos economistas Benjamin Powell e David Skarbek em
dez países asiáticos e latino-americanos.
Nos EUA, o debate econômico sobre o Wal-Mart gira quase
exclusivamente em torno dos
efeitos para os trabalhadores
norte-americanos.
As indicações mais confiáveis são de que, embora a concorrência imposta pelo Wal-Mart possa (ou não) deprimir
os salários de certos trabalhadores, em termos médios os
norte-americanos se beneficiam da tendência, porque economizam muito ao comprar
nas lojas do grupo.
Alguns críticos argumentam
que a economia não justifica os
deslocamentos sociais causados pelo esforço do Wal-Mart
para reduzir custos. Eles prefeririam que o Wal-Mart e outras
redes pagassem salários maiores a seus funcionários e vendessem mais produtos fabricados por norte-americanos.
Mas esse argumento só faz
sentido moral se sua preocupação é preservar empregos e
proteger salários dos trabalhadores dos EUA. Se você acredita na visão de Bono Vox e quer
"transformar a pobreza em história", será que sua opinião não
deveria ser menos tacanha?
Alguns dos aldeões preferem
trabalhar na lavoura ou operar
pequenas empresas e têm sorte
de contar com empréstimos do
Grameen Bank. Mas outros
prefeririam ganhar mais trabalhando em fábricas. Se você
quer ajudá-los, lembre-se do
novo slogan de Strong: "Aja localmente, pense globalmente:
compre no Wal-Mart".
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