São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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Gastos públicos cresceram 10% até agosto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da insistência do governo de que os gastos públicos crescem menos que o aumento do PIB (Produto Interno Bruto), as despesas estão maiores neste ano. Os gastos de custeio, excluídos os investimentos já realizados, tiveram aumento de 10% de janeiro a agosto.
A comparação feita pelo Tesouro Nacional e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para demonstrar que houve queda nos gastos usa como base a previsão de crescimento do PIB nominal, de 12,6%. O PIB nominal é calculado pelo crescimento da economia, mais o aumento de preços medido pelo IBGE, um índice conhecido como deflator do PIB. É unânime entre os economistas que a apresentação de um resultado real desconta só a inflação do período, medida pelo IPCA ou pelo IGP. O IPCA de janeiro a agosto foi de 4,48%.
Os gastos federais somaram R$ 306,8 bilhões nos oito primeiros meses deste ano. Os dados de setembro ainda não foram divulgados.
A maior despesa do Poder Executivo é com a folha de salários dos servidores, de R$ 82,1 bilhões até agosto. Os investimentos também cresceram, em ritmo mais acelerado que as outras despesas, mas partiram de uma base de comparação menor. No acumulado deste ano, os investimentos públicos federais somam R$ 15,9 bilhões, 42% a mais que no mesmo período do ano passado.

Corte de gastos
O especialista em finanças públicas Amir Kair lembra que o corte de gastos nesse momento em que o país começa a entrar em desaceleração pode não ser a melhor escolha. Ele acredita que o governo federal deveria manter as despesas para evitar uma queda ainda maior do PIB. Isso porque o setor público, ao gastar mais, também injeta mais dinheiro na economia.
"Eu concordo com o prêmio Nobel. Se o governo não gastar, vai acabar prejudicando a todos. Mas é importante ver que tipo de gasto será feito. Tem que ser uma despesa que ativa a economia, como investimentos. Fazer um gasto ruim pode ser pior", afirma Kair, citando o conselho do prêmio Nobel de economia Paul Krugman.
Em artigo publicado no "New York Times" e reproduzido na Folha no sábado passado, Krugman diz que "aumentar os gastos públicos é a decisão acertada a ser tomada pelo governo dos Estados Unidos".
Kair afirma que o governo poderá fazer cortes nas despesas de custeio ao bloquear verbas do Orçamento. Com isso, alguns projetos que até agora não foram colocados em prática ficariam definitivamente na gaveta.
Outra possibilidade é melhorar a gestão do Orçamento, o que inclui renegociação com empresas terceirizadas e a busca por serviços mais baratos. O especialista diz que não será fácil fazer uma mudança estrutural nos gastos porque a maioria das despesas estão engessadas, como a folha de salários.
Além dos gastos com os servidores, os ministérios que recebem a maior verba do governo para despesas não-obrigatórias são Saúde, Educação e Desenvolvimento Social e Combate à Fome, responsável pelo programa Bolsa Família.
(JULIANA ROCHA)



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