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Dólar sobe 5% mesmo com leilão para exportadores
Mercado não gostou da operação e pressiona Banco Central por mais vendas à vista
Bancos também temem emprestar para empresas de comércio exterior pela perspectiva de queda de receita com recessão global
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Descontentes com as condições estabelecidas pelo Banco
Central para as novas linhas de
financiamento às exportações,
que foram oferecidas em leilão
pela primeira vez anteontem,
bancos e investidores voltaram
a desafiar a instituição ontem,
puxando para cima as cotações
do dólar comercial.
A moeda americana subiu
em um dia quase R$ 0,10, ou
4,98%, terminando o dia de ontem vendida a R$ 2,231. Os atores do mercado cambial querem pressionar o BC a vender
mais divisas no mercado à vista.
O mercado não gostou do
compromisso de repassar em
dez dias úteis para seus clientes
as linhas de crédito à exportação obtidas no leilão e não tinham muitos "global bonds"
para oferecer em garantia.
Além disso, diante das dúvidas a respeito do tamanho e da
duração da desaceleração global, que deve diminuir a demanda pelos produtos nacionais, as instituições financeiras
mostram menor disposição para emprestar dinheiro para as
companhias que vendem para
outros países. Assim, a falta de
crédito para o setor permanece.
As linhas de financiamento
leiloadas chegaram a US$ 1,62
bilhão. Segundo o presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, já foram gastos US$
3,2 bilhões das reservas internacionais para garantir a disponibilidade de moeda e tentar
conter a alta do dólar.
Ontem, realizaram-se dois
leilões de divisas à vista em menos de uma hora e foi vendido
mais um lote de contratos de
"swap" cambial -papéis que
protegem contra a variação
cambial em determinado período e, em troca deles, os compradores pagam juros- no
montante de US$ 500,1 milhões. No total, desde o início
da crise, foram US$ 12,8 bilhões
de "swap" e a não-renovação de
US$ 1,5 bilhão em "swap" reverso, que é a operação oposta.
As intervenções do BC no
câmbio não estão funcionando
por causa da especulação em
torno das cotações e da estocagem de divisas realizada pelas
tesourarias de bancos. Isso exacerbou, ontem, no Brasil, a valorização que a moeda americana apresentou em relação a
quase todas as divisas -a exceção mais notável foi o iene.
Ainda são ouvidos rumores
de que mais empresas deverão
vir a público anunciar prejuízos
com derivativos cambiais e outras transações, deixando o
mercado ressabiado.
"Também houve uma grande
saída de recursos. É final de
mês... Quem pôde adiar o pagamento de compromissos no exterior o fez, mas não dá para fugir dos vencimentos por muito
tempo", afirma Mauro Araújo,
diretor da corretora Vision.
Procurando direção
Apesar do salto ontem, os especialistas estão aumentando
suas apostas em uma tendência
de queda do dólar. "Continua
muito difícil fazer previsões para a moeda devido às incertezas
no cenário externo, as quais podem causar muita volatilidade.
Acho, no entanto, que a cotação
deve rumar para os R$ 2 e se estabilizar nesse patamar no final
do ano", de acordo com Marcos
Trabbold, gerente de câmbio da
corretora B&T.
Neste ano, a elevação acumulada é de 25,5%.
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