São Paulo, quarta-feira, 22 de outubro de 2008

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Gol tem perda de R$ 225 mi com variação do dólar

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Gol informou que perdeu R$ 225 milhões referentes à variação do dólar e seu efeito contábil sobre as dívidas da companhia no longo prazo. Segundo a Gol, as perdas não terão efeito imediato no caixa.
A empresa afirma que obteve ganhos com operações de hedge (proteção) contra a oscilação do dólar nas dívidas de curto e médio prazo, mas registrou perdas em operações de proteção contra a variação do petróleo. O saldo dessas operações resultou em perdas de R$ 48 milhões, que serão contabilizadas no resultado financeiro.
A Gol tinha operações para minimizar os efeitos da oscilação do preço do petróleo em 55% do consumo de combustível, com preços médios de US$ 132. Os dados foram divulgados junto com a revisão de expectativas da companhia, que divulgará os resultados do terceiro trimestre na próxima semana.
De acordo com Kelly Trentim, analista da SLW, as perdas não têm relação com as que foram divulgadas por empresas como Sadia e Aracruz, porque não se referem a posições especulativas, e sim a operações de proteção contra a variação do dólar e do petróleo, variáveis determinantes para o desempenho de companhias aéreas.
Segundo especialistas, os dados já sinalizam que a companhia deverá ter novo prejuízo no período. A Gol apresenta resultado negativo desde o quarto trimestre do ano passado. Na última divulgação de resultados, o presidente da empresa, Constantino de Oliveira Júnior, havia afirmado que a companhia voltaria a ter resultado positivo neste trimestre.
Analistas ressaltam, no entanto, que em termos operacionais a empresa deve atingir o equilíbrio entre receitas e despesas neste trimestre. As ações da companhia fecharam cotadas a R$ 10,38 (alta de 5,6%). Segundo analistas, um dos fatores que influenciaram o papel foi a queda de 4,52% do petróleo, cotado a US$ 70,89.
Para Caio Dias, analista do Santander, um dos pontos favoráveis mencionados pela companhia foi o aumento do yield (média que o passageiro paga por quilômetro voado) para R$ 0,26, o equivalente a uma alta de 36,84% em relação ao segundo trimestre. "Eles compensaram com aumento do preço da passagem", disse.
A tarifa média do terceiro trimestre foi de R$ 275. Além disso, com o fim dos vôos intercontinentais, reduziram a etapa média de vôo para 905 km versus 974 km no mesmo período do ano passado.
A taxa de ocupação das aeronaves foi de 60% no terceiro trimestre. Segundo Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação, a companhia também deverá apresentar novos gastos referentes à devolução de aeronaves. Foram removidos da frota dez Boeings 737-300 e oito Boeings 767. "Seis aviões 767 ainda não foram devolvidos", disse. Eles eram usados em vôos da Varig.
Segundo analistas da Planner, efeitos positivos da junção de Gol e Varig só deverão aparecer no balanço do primeiro trimestre do próximo ano.


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