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Indústria da construção pede IPI zero
Fabricantes de materiais entregam a ministros pedido de corte de imposto para compensar "esfriamento da economia'
Sindicato dos trabalhadores da construção civil de SP afirma que o setor passa por
fase de "congelamento"
de abertura de vagas
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) entregou
ontem a cinco ministros do governo Lula pedido de redução
imediata do IPI para todos os
tipos de material de construção. O pedido acompanha um
estudo da Fundação Getulio
Vargas que mensura o efeito da
desoneração na economia.
A previsão é que a retirada do
IPI (Imposto sobre Produtos
Industrializados) reduza em
0,3263% o custo do material de
construção no varejo, o que representaria a renúncia fiscal de
R$ 902 milhões. O setor afirma
que essa perda inicial seria
compensada com a arrecadação futura gerada por um maior
ritmo da economia.
Segundo Melvyn Fox, presidente da Abramat, o governo
adotou medida menos ampla
em 2006, quando cortou o IPI
de 41 itens básicos de construção. Esse medida, associada à
expansão do crédito, provocou
um ciclo de expansão da cadeia
da construção, cujo crescimento até agora foi o dobro do PIB.
"O setor ainda conta com um
tempo para suportar esse momento de esfriamento da economia. Os projetos que estão
em andamento não vão parar,
continuarão a demandar produtos. Mas a redução do IPI pode ser uma medida de impacto,
que irá gerar efeitos no médio
prazo, quando a redução dos
lançamentos que começa a ser
anunciada agora pode atingir a
indústria", disse Melvyn.
Além da Fazenda, o pedido
de desoneração total do setor
foi formalizado para os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
Cidades, Planejamento e Casa
Civil. Segundo o estudo da
FGV, o impacto desse tipo de
medida gera efeito poderoso no
nível de atividade econômica. O
PIB, por exemplo, cresceria
mais 1,34% e a expansão do emprego atingiria 1,24%, em um
intervalo de 24 meses após a
desoneração, diz a FGV.
O estudo aponta que a renda
adicional chegaria a R$ 31 bilhões, a valores de 2006. A carga tributária, continua o estudo, baixaria 0,013 ponto percentual. "É uma medida, que
além de tudo, resultaria em aumento de arrecadação", diz
Fox. A previsão, descrita no trabalho, era a de uma variação
positiva na arrecadação total de
impostos e contribuições de
1,30% ou R$ 10,2 bilhões.
O trabalho já havia sido apresentado aos ministros Guido
Mantega (Fazenda) e Dilma
Rousseff (Casa Civil), mas não
fez "grande sucesso" dado o ritmo da indústria e do mercado
da construção na ocasião.
Para Fox, a adoção de medida
desse tipo pode interromper
uma ligeira baixa no ânimo industrial, observada na sondagem da associação em outubro.
As avaliações otimistas em
relação às ações do governo no
setor da construção civil baixaram neste mês. Em setembro,
74% dos empresários da indústria de material de construção
diziam-se otimistas com as
ações governamentais. Em outubro, o índice caiu para 57%.
Freio no emprego
A indústria da construção civil em São Paulo paralisou as
contratações. É a primeira vez
desde a retomada do setor que
as novas admissões são congeladas, um reflexo direto da desaceleração já esperada pelo setor nos próximos meses.
A informação é do Sindicato
dos Trabalhadores da Construção Civil do Estado de São Paulo. "Não estamos vivendo uma
recessão, mas um congelamento das novas vagas", afirma Antônio de Sousa Ramalho, presidente do sindicato. Ele também
diz que o temor de "apagão" de
mão-de-obra passou.
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