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BC americano vai ajudar empresas com US$ 540 bi
Recursos financiarão rolagem de dívidas que estiverem vencendo em até três meses
Fed também pretende injetar dinheiro em fundos de investimento, onde estão recursos dos aplicadores mais conservadores
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Em mais uma medida bilionária para destravar o mercado
de crédito, o Fed (banco central
dos EUA) anunciou ontem que
vai financiar com até US$ 540
bilhões a rolagem de dívidas de
bancos e empresas que estiverem vencendo em até três meses ou menos.
Comunicou também que
pretende injetar dinheiro diretamente em fundos de investimento, onde aplicadores mais
conservadores costumam investir no país.
O novo reforço para crédito
não foi suficiente, porém, para
sustentar o otimismo nos EUA
ontem. Os principais índices da
Bolsa de Valores de Nova York
fecharam em baixa, desta vez
refletindo resultados ruins do
balanço de empresas.
Após o anúncio de ganhos
menores da Caterpillar e da
DuPont, entre outras, o índice
Dow Jones fechou em baixa de
2,50%, o S&P 500, de 3,08%. Já
a Bolsa eletrônica Nasdaq caiu
expressivos 4,14%.
Os EUA também divulgaram
que o nível de desemprego em
setembro ficou inalterado em
relação a agosto, em 6,1%. Mas,
no ano, o desemprego cresceu
em 47 Estados (dos 50) e no
Distrito de Columbia, onde fica
a capital, Washington. Em setembro de 2007, a taxa era de
4,7%. Dez Estados no país também já registram níveis de desemprego superiores a 7%.
A nova ação do Fed tem por
objetivo injetar liquidez (dinheiro) nos chamados fundos
mútuos de investimento, onde
tradicionalmente os norte-americanos colocam parte de
suas economias. Esses fundos
normalmente investem o dinheiro aplicado pelos investidores em títulos de empresas e
de bancos.
Os títulos de companhias e
bancos (os "comercial papers"
e "certificates of deposit") nos
fundos mútuos de investimento sempre foram considerados
aplicações de baixo risco, voltados a investidores conservadores, que priorizam a segurança
ao rendimento.
Com a atual crise, alguns
bancos e empresas têm encontrado dificuldade para rolar dívidas e manter a remuneração
dos fundos. Já os próprios fundos não conseguem se desfazer
de seus papéis no mercado como antes para honrar eventuais resgates de investidores.
Com a nova medida, o Fed
pretende comprar diretamente
também os papéis desses fundos para capitalizá-los.
"Os mercados de dívidas de
curto prazo têm estado sobre
considerável pressão nas semanas recentes, o que tem dificultado aos fundos mútuos honrar
pedidos de retiradas", afirmou
o Fed em comunicado. Desde
agosto, os investidores sacaram
cerca de US$ 500 bilhões desses fundos.
Os fundos mútuos de investimento nos EUA controlam ativos superiores a US$ 3,3 trilhões, e carregam em suas carteiras 63% de todos os títulos
de empresas emitidos no país
sem garantias reais por trás. Já
entre os títulos garantidos, os
fundos têm cerca de 40% dos
papéis emitidos nos EUA.
Esses "comercial papers"
normalmente têm prazo de
vencimento de até 270 dias.
Por isso precisam ser "rolados"
periodicamente no mercado
pelas companhias que os emitem, e que usam o dinheiro para financiar salários, aluguéis e
outras despesas do dia-a-dia.
Os US$ 540 bilhões não fazem parte do pacote de US$
700 bilhões aprovados pelo
Congresso para que o Tesouro
dos EUA compre participações
diretas em alguns bancos. A
ajuda se soma ainda a US$ 200
bilhões para as empresas de hipotecas estatizadas Freddie
Mac e Fannie Mae e a US$ 85
bilhões para a seguradora AIG.
O Congresso dos EUA, de
maioria democrata, também
estuda um pacote de estímulo
direto às famílias e ao consumo, no valor de US$ 300 bilhões. Somadas, todas as medidas já anunciadas ou pretendidas alcançam cerca de US$ 1,9
trilhão, mais de uma vez e meia
o tamanho do PIB brasileiro.
Os democratas estudam incluir no pacote cerca de US$ 30
bilhões a serem destinados a
projetos de infra-estrutura em
várias partes do país.
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