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POLÍTICA MONETÁRIA
Segundo analistas, alta da inflação influenciou a decisão
Copom mantém juros em 19% ao ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central manteve os juros em 19% ao ano. A decisão foi
tomada ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária do
BC). Não houve indicação de tendência (viés), o que significa que a
taxa será mantida até a próxima
reunião, em dezembro.
A manutenção dos juros já era
esperada pelo mercado, que
apontava a alta da inflação como
o principal motivo para que o Copom adotasse uma posição conservadora ontem. A taxa está em
19% ao ano desde julho.
Para explicar a decisão, o BC divulgou uma curta nota dizendo
que a decisão foi tomada "após
avaliar a evolução recente da economia e as perspectivas para a
trajetória da inflação". Outros detalhes serão conhecidos na semana que vem, quando será divulgada a ata da reunião iniciada terça-feira e concluída ontem.
Desde que o dólar começou a
recuar, no início do mês, começaram a surgir no mercado algumas
vozes que defendiam a queda dos
juros. A desvalorização do real foi
o principal motivo que levou o BC
a elevar a taxa Selic em 3,25 pontos percentuais neste ano.
Além disso, a queda do preço do
petróleo no mercado internacional, a redução da taxa de juros nos
Estados Unidos e na Europa e a
relativa estabilidade da situação
da Argentina levaram alguns analistas a avaliar que já havia espaço
para uma redução da taxa Selic.
A alta da inflação, porém, continuou sendo apontada como o
principal empecilho a uma queda
nos juros. Desde a adoção do sistema de metas de inflação, em
1999, o BC tem deixado claro que
o principal objetivo de sua política monetária é manter a estabilidade dos preços na economia.
Neste ano, a meta de 4% -com
margem de tolerância de dois
pontos percentuais para cima ou
para baixo- não será cumprida.
Até outubro, a inflação acumulada já está em 6,22% e alguns bancos projetam que a alta ultrapasse
os 7% até dezembro.
Para o ano que vem, a meta é de
3,5%. O BC projeta uma inflação
de 3,9% em 2002, o que justificaria a relutância do Copom em reduzir os juros. Alguns analistas
projetam inflação acima dos 5,5%
previstos pelo teto da meta do governo. Em março, quando a inflação projetada para este ano era de
4,8% -contra meta de 4%-, o
BC elevou a taxa Selic para tentar
trazer a inflação na direção do núcleo da meta. Isso sinaliza que o
Copom adota posição conservadora quando há ameaça de a inflação se desviar da meta.
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