São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2001

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POLÍTICA MONETÁRIA

Segundo analistas, alta da inflação influenciou a decisão

Copom mantém juros em 19% ao ano

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central manteve os juros em 19% ao ano. A decisão foi tomada ontem pelo Copom (Comitê de Política Monetária do BC). Não houve indicação de tendência (viés), o que significa que a taxa será mantida até a próxima reunião, em dezembro.
A manutenção dos juros já era esperada pelo mercado, que apontava a alta da inflação como o principal motivo para que o Copom adotasse uma posição conservadora ontem. A taxa está em 19% ao ano desde julho.
Para explicar a decisão, o BC divulgou uma curta nota dizendo que a decisão foi tomada "após avaliar a evolução recente da economia e as perspectivas para a trajetória da inflação". Outros detalhes serão conhecidos na semana que vem, quando será divulgada a ata da reunião iniciada terça-feira e concluída ontem.
Desde que o dólar começou a recuar, no início do mês, começaram a surgir no mercado algumas vozes que defendiam a queda dos juros. A desvalorização do real foi o principal motivo que levou o BC a elevar a taxa Selic em 3,25 pontos percentuais neste ano.
Além disso, a queda do preço do petróleo no mercado internacional, a redução da taxa de juros nos Estados Unidos e na Europa e a relativa estabilidade da situação da Argentina levaram alguns analistas a avaliar que já havia espaço para uma redução da taxa Selic.
A alta da inflação, porém, continuou sendo apontada como o principal empecilho a uma queda nos juros. Desde a adoção do sistema de metas de inflação, em 1999, o BC tem deixado claro que o principal objetivo de sua política monetária é manter a estabilidade dos preços na economia.
Neste ano, a meta de 4% -com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo- não será cumprida. Até outubro, a inflação acumulada já está em 6,22% e alguns bancos projetam que a alta ultrapasse os 7% até dezembro.
Para o ano que vem, a meta é de 3,5%. O BC projeta uma inflação de 3,9% em 2002, o que justificaria a relutância do Copom em reduzir os juros. Alguns analistas projetam inflação acima dos 5,5% previstos pelo teto da meta do governo. Em março, quando a inflação projetada para este ano era de 4,8% -contra meta de 4%-, o BC elevou a taxa Selic para tentar trazer a inflação na direção do núcleo da meta. Isso sinaliza que o Copom adota posição conservadora quando há ameaça de a inflação se desviar da meta.



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