PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Vilões da inflação em 2002, os combustíveis evitam uma alta maior do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2003. O preço da gasolina ao consumidor, um dos itens de maior peso no índice, subiu 1,03% de janeiro a outubro. O gás de cozinha aumentou 4,81% no período.
Em 2003, o IPCA, índice oficial do governo, acumula 8,37%. Em 2002, ficara em 12,53%, e os reajustes foram maiores: o preço da gasolina cresceu 12,09%, e o do gás de cozinha, 31,51%.
Especialistas e agentes do setor apontam a queda do rendimento do trabalhador como a principal razão para o menor crescimento dos preços ao consumidor.
Em setembro, a renda caiu 14,6% na comparação com igual mês de 2002, segundo o IBGE.
Por causa da demanda enfraquecida, o repasse dos aumentos na refinaria não tem sido integral. A retração nas vendas de combustíveis chega a 5,28% até setembro.
Para o diretor de Abastecimento da Petrobras, Rogério Manso, a queda na renda e o preço mais alto da gasolina impactaram as vendas, além da maior participação do álcool e do gás natural.
Em 2002, os combustíveis pesaram mais: o gás de cozinha contribuiu com 0,65 ponto percentual na inflação, e a gasolina, com 0,53 ponto. Em 2003, até outubro, a "ajuda" do gás foi de 0,08 ponto, e a da gasolina, de 0,04 ponto.
Neste ano, os itens que mais contribuíram para a inflação foram ônibus urbano e energia elétrica. Subiram 18,51% e 20,70% até outubro, respectivamente.
Segundo o economista Luiz Roberto Cunha (Fecomercio RJ e PUC-RJ), os combustíveis tiveram "papel importante" no controle da inflação. A valorização do real foi determinante para "segurar" os reajustes: "Neutralizou a pressão do preço do petróleo."
Segundo Manso, as cotações internacionais, em 2002, passaram a um patamar mais alto e o câmbio estava mais pressionado.


Texto Anterior: Opinião econômica: Limites da Alca "light"
Próximo Texto: Imprevidência: Lula diz que Orçamento não tem verba para dívida com aposentados
Índice