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Acordo foi como "sonhávamos", diz Lula
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Um dia depois de encerrada a
oitava reunião ministerial sobre a
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que
viu com "alegria" o fato de o ministro Celso Amorim (Relações
Exteriores) ter deixado claro, em
Miami (sede do encontro), que o
Brasil iniciará as negociações em
torno da formação da Alca de maneira flexível e equilibrada.
"Hoje [ontem], foi com alegria
que eu vi o meu ministro Celso
Amorim fazendo aquilo com que
nós sonhávamos: fazer a Alca
apenas naquilo que é possível, e o
restante vamos brigar na OMC
[Organização Mundial do Comércio]", disse em evento sobre a
reforma agrária, em Brasília.
O presidente afirmou que não
irá vetar a negociação de nenhum
país, ressaltando a defesa da agricultura e da indústria brasileira.
"As coisas que nos interessam vamos lá, onde tivermos que brigar.
E não queremos impedir nenhum
país de negociar. Cada um negocia o que quiser", em referência à
Alca flexível que tem sido defendida pelo país.
Na reunião de Miami, onde Brasil e EUA acordaram uma trégua,
Amorim voltou a defender a necessidade de se respeitarem as
"sensibilidades" de cada país
-referência à defesa do suco de
laranja e do açúcar na Flórida
(símbolo do protecionismo agrícola americano)- e de acesso ao
mercado americano, com queda
das tarifas de importação.
Em 11 meses de governo, Lula
disse que conseguiu fazer nas relações exteriores "o que pouca
gente neste mundo acreditava
que fosse possível". Segundo ele,
o Brasil ajudou a construir um
projeto para a América do Sul.
Ele explicou: "Não porque o
Brasil quer ter uma relação hegemônica com qualquer país. O
Brasil quer ter uma relação de
parceria, respeitando aqueles que
têm a economia mais fraca do que
a nossa, sendo solidário e contribuindo até para fazer investimentos naqueles países."
Sobre a criação do G3 (Brasil,
África do Sul e Índia), o presidente disse que "foi um passo excepcional". E disse querer mais:
"Queremos a África do Sul, a Índia, a China e a Rússia para que a
gente tenha, num bloco, mais o
G20, mais da metade da população mundial".
Num discurso de 32 minutos,
com metade dele destinado à
atuação internacional do governo, Lula afirmou que deseja um
"comércio exterior igualitário", e
não "afrontar os Estados Unidos
ou a União Européia". "Nós não
queremos afrontar ninguém, apenas ser respeitados. E eu faço
questão de dizer: Respeito é bom.
Eu dou e gosto de receber. E é por
isso que nós estamos construindo
uma força política alternativa."
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