São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Levantamento mostra que companhias do setor dominam topo dos melhores resultados nos últimos 21 meses

Exportação lidera em lucros no governo Lula

Jorge Araujo - 29.jul.04/Folha Imagem
Carregamento de contêineres no porto de Santos; exportadoras têm os maiores lucros desde 2003


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento das exportações -que tem feito a balança comercial brasileira bater sucessivos recordes- transformou as companhias do segmento nas grandes estrelas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Levantamento do resultado das empresas de capital aberto nos 21 primeiros meses do governo, feito pela consultoria Economática para a Folha, mostra as exportadoras como destaque do período.
Considerando o lucro operacional próprio das empresas -que leva em conta o desempenho relacionado à atividade produtiva da companhia, como a venda de mercadorias e serviços-, as exportadoras são 7 entre os 10 melhores resultados da lista.
No topo dos lucros aparece a companhia Vale do Rio Doce. O estudo, que analisou o resultado de 165 empresas, excluiu as estatais Petrobras e Eletrobrás (para não distorcer a comparação devido ao seu porte em relação às demais) e as instituições financeiras.
No período analisado, o lucro operacional próprio da Vale do Rio Doce acumulado nos 21 meses chegou a R$ 11,59 bilhões.
"O mercado internacional mais aquecido, especialmente por causa da China, e os preços mais altos das commodities favoreceram muito as exportadoras brasileiras no período. Isso ocorreu principalmente para as empresas do setor de siderurgia e mineração", avalia Catarina Pedrosa, analista do Banif Investment Banking.
A Usiminas, uma das grandes fabricantes de aço do país, registrou um lucro operacional de R$ 6,22 bilhões acumulado nos meses levantados pelo estudo. A Gerdau e a Companhia Siderúrgica Nacional, outras pesos-pesados do setor, também figuram no topo das melhores do período.

Obstáculos à vista
O problema para as expectativas do setor exportador é que um dos grandes mercados consumidores, a China, tem tomado medidas para frear o seu crescimento econômico. Se um país cresce menos, sua demanda por produtos diminui, o que pode prejudicar o resultado de seus fornecedores.
No mês passado, o Banco Central da China elevou os juros básicos do país pela primeira vez em nove anos. A atitude demonstra a intenção do governo de segurar o aquecimento da economia chinesa, que cresceu 9,5% nos nove primeiros meses de 2004, em relação a igual período do ano passado.
"Com a economia mundial crescendo menos, acredito que o setor exportador não vai conseguir bater os resultados excepcionais deste ano. Mas o desempenho esperado das exportadoras para 2005 ainda é muito forte", afirma Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consulting.
O setor de energia elétrica também teve um ganho importante nos 21 primeiros meses do governo Lula, impulsionado por reajustes de tarifas. A Cemig, por exemplo, teve lucro operacional de R$ 2,51 bilhões no período.

Câmbio
Além da possibilidade de um aquecimento menos substancial da economia mundial no próximo ano, existem outros fatores que poderiam tirar um pouco o brilho das exportadoras.
A desvalorização do dólar diante do real já traz preocupações. Neste ano, o dólar registra uma baixa de 4% frente ao real. Na sexta-feira, a moeda americana fechou em R$ 2,786, depois de alcançar o seu menor nível desde junho de 2002 durante a semana.
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), afirma que o cenário ideal seria o de dólar em torno dos R$ 3,00. Para ele, dólar abaixo dos R$ 2,80 é motivo de preocupação. Quando o real se valoriza diante do dólar, os produtos brasileiros ficam mais caros lá fora, o que pode desestimular as exportações do país.


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