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Empresas de capital aberto têm
o melhor trimestre da história
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O terceiro trimestre deste ano
foi o melhor da história das empresas de capital aberto -que
possuem ações em Bolsa de Valores- no país e bateu o desempenho do trimestre anterior, já considerado excepcional.
As companhias tiveram recordes de receita e lucro, além de
queda no endividamento. A margem líquida da indústria superou
a dos bancos, segundo análise dos
balancetes publicados pelas companhias até o momento.
Alguns fatores ajudam a explicar a boa fase, como a manutenção do nível elevado de exportações e o recuo no valor do dólar
diante do real. O forte impulso na
demanda interna na maioria dos
setores da economia também teve
peso significativo nos números
do período de julho a setembro.
O repasse de eventuais pressões
nos custos para o restante da cadeia produtiva (clientes, consumidores) -algo que tem espaço
para ocorrer principalmente
quando existe aquecimento nas
vendas internas- ajudou a dar
uma "mãozinha" para esse desempenho tão positivo.
Os resultados do terceiro trimestre fazem parte de um levantamento realizado pela consultoria Economática com 187 empresas de capital aberto -excluída a
Petrobras e o setor financeiro. Ele
mostra que a receita líquida operacional total do setor privado alcançou R$ 105,5 bilhões no terceiro trimestre, o melhor resultado
da história das companhias abertas no país. No mesmo período de
2003, esse resultado ficou em R$
89,06 bilhões.
Essa análise pode ser feita neste
momento porque acabou oficialmente o período de publicação de
balancetes ao público. "O aumento da receita foi fantástico. E boa
parte disso veio de ganho das empresas com o mercado interno",
avalia Fernando Exel, presidente
da Economática.
O crescimento do lucro líquido
dessas empresas, comparando o
terceiro trimestre do ano passado
com o de 2004, é ainda mais elevado: saltou de R$ 4,57 bilhões para
R$ 14,48 bilhões -um incremento de 216,9% no período. O lucro
operacional (obtido com a atividade em si da empresa, sem considerar outros ganhos) teve uma
alta de 40,4% no período.
"Mesmo com a carga tributária
e os juros elevados, as empresas
como um todo têm conseguido
um desempenho muito forte. No
ano que vem, para os resultados
seguirem batendo recordes, vai
ser importante o rumo que o Banco Central vai dar aos juros", afirma Gustavo Pedreira, analista da
ABM Consulting.
Emprego
Essa expansão, porém, não tem
se traduzido em mais vagas no setor produtivo. O emprego industrial não decola. A indústria ainda
mantém duras críticas à política
de juros e reclama da alta taxa de
impostos cobrados sobre o setor.
Quanto à margem líquida da indústria, que, a grosso modo, equivale ao ganho que uma empresa
tem ao vender seu produto para
um terceiro, houve um salto considerável. No terceiro trimestre de
2003, estava em 5,1% em média.
Agora, foi para 13,7%. Superou
até a margem líquida média do
setor bancário -em 10,7% no
terceiro trimestre deste ano.
Mas essa comparação de resultados tem de ser feita de uma forma cautelosa. O melhor indicador
que mede a rentabilidade dos
bancos chama-se ROE (rentabilidade sobre patrimônio).
Nesse caso, a taxa das instituições financeiras está em 20,2%
(média), segundo a ABM Consulting. Já o índice das empresas produtivas atinge 6,6%, de acordo
com a Economática.
Colaborou Fabricio Vieira,
da Reportagem Local
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