São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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Empresas de capital aberto têm o melhor trimestre da história

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O terceiro trimestre deste ano foi o melhor da história das empresas de capital aberto -que possuem ações em Bolsa de Valores- no país e bateu o desempenho do trimestre anterior, já considerado excepcional.
As companhias tiveram recordes de receita e lucro, além de queda no endividamento. A margem líquida da indústria superou a dos bancos, segundo análise dos balancetes publicados pelas companhias até o momento.
Alguns fatores ajudam a explicar a boa fase, como a manutenção do nível elevado de exportações e o recuo no valor do dólar diante do real. O forte impulso na demanda interna na maioria dos setores da economia também teve peso significativo nos números do período de julho a setembro.
O repasse de eventuais pressões nos custos para o restante da cadeia produtiva (clientes, consumidores) -algo que tem espaço para ocorrer principalmente quando existe aquecimento nas vendas internas- ajudou a dar uma "mãozinha" para esse desempenho tão positivo.
Os resultados do terceiro trimestre fazem parte de um levantamento realizado pela consultoria Economática com 187 empresas de capital aberto -excluída a Petrobras e o setor financeiro. Ele mostra que a receita líquida operacional total do setor privado alcançou R$ 105,5 bilhões no terceiro trimestre, o melhor resultado da história das companhias abertas no país. No mesmo período de 2003, esse resultado ficou em R$ 89,06 bilhões.
Essa análise pode ser feita neste momento porque acabou oficialmente o período de publicação de balancetes ao público. "O aumento da receita foi fantástico. E boa parte disso veio de ganho das empresas com o mercado interno", avalia Fernando Exel, presidente da Economática.
O crescimento do lucro líquido dessas empresas, comparando o terceiro trimestre do ano passado com o de 2004, é ainda mais elevado: saltou de R$ 4,57 bilhões para R$ 14,48 bilhões -um incremento de 216,9% no período. O lucro operacional (obtido com a atividade em si da empresa, sem considerar outros ganhos) teve uma alta de 40,4% no período.
"Mesmo com a carga tributária e os juros elevados, as empresas como um todo têm conseguido um desempenho muito forte. No ano que vem, para os resultados seguirem batendo recordes, vai ser importante o rumo que o Banco Central vai dar aos juros", afirma Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting.

Emprego
Essa expansão, porém, não tem se traduzido em mais vagas no setor produtivo. O emprego industrial não decola. A indústria ainda mantém duras críticas à política de juros e reclama da alta taxa de impostos cobrados sobre o setor.
Quanto à margem líquida da indústria, que, a grosso modo, equivale ao ganho que uma empresa tem ao vender seu produto para um terceiro, houve um salto considerável. No terceiro trimestre de 2003, estava em 5,1% em média. Agora, foi para 13,7%. Superou até a margem líquida média do setor bancário -em 10,7% no terceiro trimestre deste ano.
Mas essa comparação de resultados tem de ser feita de uma forma cautelosa. O melhor indicador que mede a rentabilidade dos bancos chama-se ROE (rentabilidade sobre patrimônio).
Nesse caso, a taxa das instituições financeiras está em 20,2% (média), segundo a ABM Consulting. Já o índice das empresas produtivas atinge 6,6%, de acordo com a Economática.


Colaborou Fabricio Vieira, da Reportagem Local

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