São Paulo, segunda-feira, 22 de novembro de 2004

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FOLHAINVEST

MERCADO FINANCEIRO

Para economistas, Banco Central irá elevar taxa em dezembro, apesar da melhora no câmbio e no petróleo

Ata do Copom deve sinalizar nova alta do juro

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A ata da reunião da semana passada do Copom (Comitê de Política Monetária) deve vir conservadora e sinalizar que os juros continuarão a subir. A divulgação está prevista para quinta-feira. A expectativa no mercado financeiro é que o relato da reunião esclareça a razão da alta de 0,50 ponto percentual, que levou a 17,25% os juros básicos, e sinalize rigor no controle da inflação, mas sem causar tanta repercussão, como já ocorreu outras vezes.
No mês passado, o conteúdo da ata provocou uma dura reação da Petrobras. O Copom apontava "protelação" no reajuste da gasolina, o que geraria pressão inflacionária. Em sua resposta ao Banco Central na ocasião, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse que "a política de ajustes observa elementos de mercado" e que é de "exclusiva responsabilidade da empresa".
Dutra afirmou ainda que "não pretende emitir opiniões nem divulgar suas eventuais expectativas sobre as taxas de juros futuros". Logo depois da última reunião, o preço do barril de petróleo tipo Brent bateu o pico de US$ 55. Na sexta-feira, porém, apesar de ter subido 5,39% em relação à véspera, o barril fechou em US$ 44,95.
"Houve uma grande queda da defasagem de preços no exterior e no Brasil, além da redução da volatilidade do real", diz Darwin Dib, economista do Unibanco. "Há um mês, o aumento dos combustíveis era visto como inevitável. Hoje é questionável."
Economistas do mercado financeiro não têm dúvidas de que deverá vir mais alta em dezembro, apesar da melhora no câmbio e no petróleo. "Não há dúvida de que a trajetória de alta não foi interrompida. A meta de 5,1% é pouco viável. A ata vai sinalizar novos aumentos. Mas será difícil ser mais conservador do que foram em outubro", afirma Dib.
O tom conservador se justifica, segundo o economista, pela necessidade de segurar as expectativas de inflação e impedir a queda de juros de mercado.
"Não adianta subir a Selic e os juros de mercado não. O BC precisa manter expectativa de que será conservador, senão o mercado começa a trabalhar com taxa menor. A ata é um dos instrumentos de que dispõe o BC para fazer isso", disse o economista.
O que discutem os analistas é qual será a intensidade dessa alta no final do ano, se de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 ponto percentual, e se o BC iniciará uma parada técnica nos juros em janeiro ou em fevereiro. "O mercado deverá ler a ata como aumento em dezembro de mais 0,50 ponto percentual. Ou, então, 0,25 ponto no mês que vem e o resto em janeiro. Depois pára", diz Padovani.
Por ora, boa parte dos economistas aposta em manutenção da taxa básica de juros, a Selic, a partir da primeira reunião de 2005.
Para analistas, caso o câmbio se mantenha em cerca de R$ 2,88 por mais duas ou três semanas, em um cenário sem surpresas com o preço do petróleo, é possível que expectativas de inflação saiam de 5,9%, percentual em que estacionaram, conforme apurou o Boletim Focus, do BC, em entrevistas com economistas de instituições financeiras.
Com relação às preocupações do BC apontadas na ata anterior, o quadro melhorou muito, em razão do câmbio e do petróleo.
"A economia está se acomodando, conforme mostram dados relativos a comércio e indústria que sinalizam desaceleração. E está tendo muito investimento", avalia Padovani.


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