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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Para economistas, Banco Central irá elevar taxa em dezembro, apesar da melhora no câmbio e no petróleo
Ata do Copom deve sinalizar nova alta do juro
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A ata da reunião da semana passada do Copom (Comitê de Política Monetária) deve vir conservadora e sinalizar que os juros continuarão a subir. A divulgação está
prevista para quinta-feira. A expectativa no mercado financeiro é
que o relato da reunião esclareça a
razão da alta de 0,50 ponto percentual, que levou a 17,25% os juros básicos, e sinalize rigor no
controle da inflação, mas sem
causar tanta repercussão, como já
ocorreu outras vezes.
No mês passado, o conteúdo da
ata provocou uma dura reação da
Petrobras. O Copom apontava
"protelação" no reajuste da gasolina, o que geraria pressão inflacionária. Em sua resposta ao Banco Central na ocasião, o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse que "a política de ajustes
observa elementos de mercado" e
que é de "exclusiva responsabilidade da empresa".
Dutra afirmou ainda que "não
pretende emitir opiniões nem divulgar suas eventuais expectativas
sobre as taxas de juros futuros".
Logo depois da última reunião, o
preço do barril de petróleo tipo
Brent bateu o pico de US$ 55. Na
sexta-feira, porém, apesar de ter
subido 5,39% em relação à véspera, o barril fechou em US$ 44,95.
"Houve uma grande queda da
defasagem de preços no exterior e
no Brasil, além da redução da volatilidade do real", diz Darwin
Dib, economista do Unibanco.
"Há um mês, o aumento dos
combustíveis era visto como inevitável. Hoje é questionável."
Economistas do mercado financeiro não têm dúvidas de que deverá vir mais alta em dezembro,
apesar da melhora no câmbio e
no petróleo. "Não há dúvida de
que a trajetória de alta não foi interrompida. A meta de 5,1% é
pouco viável. A ata vai sinalizar
novos aumentos. Mas será difícil
ser mais conservador do que foram em outubro", afirma Dib.
O tom conservador se justifica,
segundo o economista, pela necessidade de segurar as expectativas de inflação e impedir a queda
de juros de mercado.
"Não adianta subir a Selic e os
juros de mercado não. O BC precisa manter expectativa de que será conservador, senão o mercado
começa a trabalhar com taxa menor. A ata é um dos instrumentos
de que dispõe o BC para fazer isso", disse o economista.
O que discutem os analistas é
qual será a intensidade dessa alta
no final do ano, se de 0,25 ponto
percentual ou de 0,50 ponto percentual, e se o BC iniciará uma parada técnica nos juros em janeiro
ou em fevereiro. "O mercado deverá ler a ata como aumento em
dezembro de mais 0,50 ponto percentual. Ou, então, 0,25 ponto no
mês que vem e o resto em janeiro.
Depois pára", diz Padovani.
Por ora, boa parte dos economistas aposta em manutenção da
taxa básica de juros, a Selic, a partir da primeira reunião de 2005.
Para analistas, caso o câmbio se
mantenha em cerca de R$ 2,88
por mais duas ou três semanas,
em um cenário sem surpresas
com o preço do petróleo, é possível que expectativas de inflação
saiam de 5,9%, percentual em que
estacionaram, conforme apurou
o Boletim Focus, do BC, em entrevistas com economistas de instituições financeiras.
Com relação às preocupações
do BC apontadas na ata anterior,
o quadro melhorou muito, em razão do câmbio e do petróleo.
"A economia está se acomodando, conforme mostram dados relativos a comércio e indústria que
sinalizam desaceleração. E está
tendo muito investimento", avalia Padovani.
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