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OMC tenta salvar negociações da Rodada Doha em Montevidéu
Encontro comemora 20 anos da Rodada Uruguai, que levou à criação da OMC
BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU
Com as presenças do diretor-geral da OMC (Organização
Mundial do Comércio), Pascal
Lamy, e do chanceler brasileiro, Celso Amorim, a celebração
dos 20 anos do início da Rodada
Uruguai, que acontece hoje em
Montevidéu, é um chamado para retomar as negociações de
Doha, que, centradas na área
agrícola, acabaram suspensas
em julho deste ano.
O chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, confirmou ontem ser essa a intenção de seu
país ao organizar a festa de aniversário da rodada, que foi de
1986 a 1994, levou a avanços
nas regras de comércio internacional e levou à fundação da
própria OMC, em 1995.
"A tarefa que nos impusemos
não é só uma comemoração
mas uma maneira de reimpulsionar o trabalho para que a Rodada Doha seja um êxito, para
que não fracasse. Se tudo ficar
como está e não houver progressos, o desinteresse dos países para com a OMC será muito
grande", disse.
Diante do impasse gerado sobretudo pela negativa norte-americana de reduzir subsídios
internos a produtores, a Rodada Doha foi considerada um
"caso perdido" -mas, de forma
tímida, seguiram as conversas
bilaterais. Ontem, o ministro
da Economia uruguaio, Danilo
Astori, afirmou ter ouvido de
Lamy que há uma "tendência"
de que os EUA concordem em
ceder um pouco mais.
Trata-se praticamente da
única esperança de salvar Doha. No último dia 15, Lamy expressou o "sentimento de urgência" de colocar em funcionamento os "motores" da negociação em Genebra.
Amorim chega à cidade só
hoje, quando, além de participar das celebrações, tem encontro em separado com o diretor-geral da OMC.
"Papeleiras"
Segundo o chanceler uruguaio, já está definido que, na
reunião do Conselho de Representantes do Mercosul, em dezembro, será discutido o impasse entre Argentina e Uruguai pela construção de indústrias de celulose nas margens
do rio Uruguai, que separa os
dois países.
Ontem, o Banco Mundial
anunciou a concessão de crédito de US$ 170 milhões à finlandesa Botnia, que se instalará na
cidade de Fray Bentos, no Uruguai. A Casa Rosada mantinha
campanha aberta contra a liberação do financiamento.
Ambientalistas e manifestantes da comunidade da cidade de Gualeguaychú, no lado
argentino do rio Uruguay, voltaram a interromper a passagem na principal rota comercial por terra entre os dois países "por prazo indeterminado".
As duas indústrias de celulose representam o maior investimento privado da história do
Uruguai -US$ 1,8 bilhão, o
equivalente a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.
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