São Paulo, quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OMC tenta salvar negociações da Rodada Doha em Montevidéu

Encontro comemora 20 anos da Rodada Uruguai, que levou à criação da OMC

BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

Com as presenças do diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, e do chanceler brasileiro, Celso Amorim, a celebração dos 20 anos do início da Rodada Uruguai, que acontece hoje em Montevidéu, é um chamado para retomar as negociações de Doha, que, centradas na área agrícola, acabaram suspensas em julho deste ano.
O chanceler uruguaio, Reinaldo Gargano, confirmou ontem ser essa a intenção de seu país ao organizar a festa de aniversário da rodada, que foi de 1986 a 1994, levou a avanços nas regras de comércio internacional e levou à fundação da própria OMC, em 1995.
"A tarefa que nos impusemos não é só uma comemoração mas uma maneira de reimpulsionar o trabalho para que a Rodada Doha seja um êxito, para que não fracasse. Se tudo ficar como está e não houver progressos, o desinteresse dos países para com a OMC será muito grande", disse.
Diante do impasse gerado sobretudo pela negativa norte-americana de reduzir subsídios internos a produtores, a Rodada Doha foi considerada um "caso perdido" -mas, de forma tímida, seguiram as conversas bilaterais. Ontem, o ministro da Economia uruguaio, Danilo Astori, afirmou ter ouvido de Lamy que há uma "tendência" de que os EUA concordem em ceder um pouco mais.
Trata-se praticamente da única esperança de salvar Doha. No último dia 15, Lamy expressou o "sentimento de urgência" de colocar em funcionamento os "motores" da negociação em Genebra.
Amorim chega à cidade só hoje, quando, além de participar das celebrações, tem encontro em separado com o diretor-geral da OMC.

"Papeleiras"
Segundo o chanceler uruguaio, já está definido que, na reunião do Conselho de Representantes do Mercosul, em dezembro, será discutido o impasse entre Argentina e Uruguai pela construção de indústrias de celulose nas margens do rio Uruguai, que separa os dois países.
Ontem, o Banco Mundial anunciou a concessão de crédito de US$ 170 milhões à finlandesa Botnia, que se instalará na cidade de Fray Bentos, no Uruguai. A Casa Rosada mantinha campanha aberta contra a liberação do financiamento.
Ambientalistas e manifestantes da comunidade da cidade de Gualeguaychú, no lado argentino do rio Uruguay, voltaram a interromper a passagem na principal rota comercial por terra entre os dois países "por prazo indeterminado".
As duas indústrias de celulose representam o maior investimento privado da história do Uruguai -US$ 1,8 bilhão, o equivalente a 13% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Brasil explicará à Bolívia projeto no rio Madeira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.