São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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Lula ameaça importar o conversor para TV digital

Presidente orienta ministro Hélio Costa a tomar medidas para facilitar importação

Governo quer baixar preço inicial do aparelho para cerca de R$ 250, enquanto alguns fabricantes dizem que pode passar de R$ 750

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, a tomar medidas para estimular a importação do conversor de sinal da TV digital caso a indústria cobre R$ 750 ou mais pelo equipamento.
O governo quer reduzir o custo do conversor para algo em torno de R$ 250, no máximo. A importação reduziria o preço do aparelho.
Essa ameaça é uma resposta de Lula à informação dos empresários que se reuniram com ele na semana passada e que lhe disseram que o conversor para o lançamento da TV digital no país custaria três vezes mais do que o previsto nas conversas anteriores da indústria com o governo.
Segundo a Folha apurou, uma ano atrás Lula garantira aos fabricantes nacionais que estimularia a produção do conversor no país e, portanto, não facilitaria sua importação.
Mas essa orientação mudou desde a reunião do presidente com os empresários, que levaram ao Palácio do Planalto na semana passada o convite para o lançamento da TV digital. A partir de 2 dezembro, começará a transmissão do novo sinal na TV aberta, inicialmente apenas em São Paulo.
Naquele encontro, como antecipou a Folha, Lula ameaçou tomar medidas. "Não se pode achacar o povo", disse o presidente, segundo relato de duas pessoas que estavam na reunião, que contou com empresários do ramo de TV e integrantes da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão).
Além de considerar alto o preço do conversor, Lula está preocupado com o impacto político negativo de um aparelho que custaria mais, por exemplo, do que uma TV comum de 29 polegadas.
Os empresários argumentam que os componentes do conversor são caros e que eles não terão, no início das vendas, produção em escala para cobrar um preço menor. Compararam o lançamento do conversor ao dos aparelhos de DVD e às TVs de plasma e LCD. Ou seja, no início, custavam muito mais do que hoje.
O governo, porém, rebate esse argumento. No encontro com os empresários, Lula afirmou que haveria demanda garantida e que, no médio e no longo prazo, os fabricantes teriam lucro. Naquela reunião, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, chegou a dizer que, no mundo, o custo de um conversor desse tipo gira em torno dos US$ 100 -na cotação de hoje, entre R$ 170 e R$ 180.
Os atuais televisores não estão preparados para receber diretamente o sinal de digital. Será necessário um conversor que captará o sinal digital e o decodificará para uso na TVs de tecnologia analógica.
Além do preço, Lula quer discutir com grandes redes de varejo formas de facilitar a compra do conversor, como taxas de juros e prazo para quitação da compra. A escolha do padrão japonês de TV digital foi vendida pelo governo como uma avanço tecnológico que beneficiaria o consumidor. A qualidade da imagem é superior à da tecnologia analógica. No futuro, também será possível maior interatividade entre o telespectador e a TV, com mais recursos técnicos.


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