|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OceanAir compra 28 aviões da Airbus
Negócio é orçado em US$ 2,5 bi e deve ter financiamento do Banco Mundial e da CAF; atual frota da empresa é de 26 aeronaves
Empresa, vista no governo como "terceira força" da aviação, quer 15% dos vôos
nacionais; analistas falam em excesso de oferta no país
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um momento de críticas
à TAM e à Gol -que, juntas,
possuem quase 90% dos vôos
domésticos no país-, a OceanAir, vista pelo Ministério da
Defesa como alternativa ao
chamado duopólio da aviação
brasileira, anunciou ontem a
compra de 28 aviões da Airbus.
Hoje, a frota da empresa é de 26
aviões.
O presidente da companhia,
German Efromovich, dono do
grupo Synergy, com investimentos em petróleo e que controla também a companhia colombiana Avianca, afirmou que
a brasileira, hoje com 2,9% do
mercado, quer chegar a até 15%
dos vôos domésticos em 2010.
Após o anúncio neste mês da
suspensão de operações da
BRA, a OceanAir realizou um
acordo para transportar os seus
passageiros com bilhetes já
emitidos e quer ocupar o espaço da companhia aérea.
Também diz querer disputar
com as grandes, apesar do ceticismo da concorrência até agora, e enfatiza que não abandonará os vôos regionais. Em
março, segundo Efromovich, a
empresa começa a operar quatro vôos diários na ponte aérea
Rio/São Paulo -ela tem autorização para outros seis.
Os aviões, sete A330-200 (de
253 assentos, usado em vôos
internacionais), 14 A319 (124
lugares) e sete A320 (150 passageiros), chegam a partir de
2009. O investimento foi de
US$ 2,5 bilhões. São aviões para
serem usados em rotas muito
demandadas pelos passageiros.
De acordo com Efromovich,
20% do financiamento dos
aviões será com recursos próprios e o restante está sendo
negociado com o Banco Mundial e com a Corporação Andina de Fomento.
A OceanAir também quer expandir sua malha internacional
-vai pedir autorização para
voar para Buenos Aires, na Argentina, além de Madri e Lisboa, entre outros destinos.
Até começar a receber os
aviões, o executivo afirmou que
pretende usar aviões que eram
operados pela BRA (a companhia já fechou contratos para
três aviões com as empresas
donas das aeronaves). Também
vai tentar conseguir outras aeronaves no atualmente concorrido mercado internacional de
leasing para já dar início à expansão da malha da OceanAir.
Para a fabricante, o anúncio é
uma vitória, já que acontece
após o acidente da TAM com o
A320, mesmo modelo adquirido pela OceanAir. A Airbus tem
52% do mercado mundial de
aviões até agora neste ano, que
deve ser o melhor da história
em número de aeronaves comerciais encomendados.
Efromovich, visto como influente junto ao ministro da
Defesa, Nelson Jobim, anunciou a compra em meio a críticas de que o duopólio formado
pela TAM e pela Gol prejudica o
consumidor.
Anteontem, Jobim afirmou
que o Ministério da Defesa irá
investigar se as empresas aéreas estão utilizando o cancelamento de vôos de forma estratégica para guardar "na gaveta"
as concessões de horário de
transporte aéreo e impedir a
entrada de outras empresas e a
livre concorrência no setor.
"Graças a Deus as autoridades acordaram para o problema
de manipulação de "slots" [autorizações de pousos e decolagens nos aeroportos]. Eu espero uma distribuição mais equitativa", afirmou Efromovich.
O empresário, que investe
pesado em áreas que dependem de concessão do governo,
como a de exploração de petróleo, diz que o ambiente para
seus negócios melhorou durante a administração petista.
A OceanAir é vista como uma
possibilidade de "terceira força", mas o sucesso da empreitada de Efromovich divide a opinião do mercado.
De um lado, a avaliação é que
Efromovich está disposto a investir e tem condições para
tanto. Além disso, a OceanAir
tem o governo ao seu lado e a
demanda de passageiros está
em crescimento, apesar da crise aérea -até outubro a alta foi
de 10,6% em relação a 2006.
Por outro lado, TAM e Gol
possuem encomendas pesadas
de aviões para os próximos
anos. A primeira, com uma frota de 111 aviões, espera operar
147 aviões em 2012 (já descontados os que serão devolvidos
ou substituídos). A segunda,
com uma frota de 103 aviões
(incluindo Varig), prevê receber outros 40 aviões até 2012.
Para um analista, que não
quis se identificar, não há demanda para tantas aeronaves, e
a pergunta é se a OceanAir terá
como bancar um diferencial
competitivo para conquistar
mercado, já que TAM e Gol
também estão capitalizadas.
Ontem, Efromovich afirmou
que os aviões da companhia,
que deve ter prejuízo de entre
R$ 20 milhões e R$ 30 milhões
neste ano, terão poltronas largas e mais espaço para as pernas. A avaliação é que, para
conseguir cumprir seus planos,
a OceanAir precisará se reestruturar, elevando a eficiência.
Texto Anterior: Empresa terá conversor de TV digital a R$ 499 Próximo Texto: Foco: Maior avião do mundo, A380 deve passar pelo Brasil em dezembro Índice
|