São Paulo, quinta-feira, 22 de novembro de 2007

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OceanAir compra 28 aviões da Airbus

Negócio é orçado em US$ 2,5 bi e deve ter financiamento do Banco Mundial e da CAF; atual frota da empresa é de 26 aeronaves

Empresa, vista no governo como "terceira força" da aviação, quer 15% dos vôos nacionais; analistas falam em excesso de oferta no país

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um momento de críticas à TAM e à Gol -que, juntas, possuem quase 90% dos vôos domésticos no país-, a OceanAir, vista pelo Ministério da Defesa como alternativa ao chamado duopólio da aviação brasileira, anunciou ontem a compra de 28 aviões da Airbus. Hoje, a frota da empresa é de 26 aviões.
O presidente da companhia, German Efromovich, dono do grupo Synergy, com investimentos em petróleo e que controla também a companhia colombiana Avianca, afirmou que a brasileira, hoje com 2,9% do mercado, quer chegar a até 15% dos vôos domésticos em 2010.
Após o anúncio neste mês da suspensão de operações da BRA, a OceanAir realizou um acordo para transportar os seus passageiros com bilhetes já emitidos e quer ocupar o espaço da companhia aérea.
Também diz querer disputar com as grandes, apesar do ceticismo da concorrência até agora, e enfatiza que não abandonará os vôos regionais. Em março, segundo Efromovich, a empresa começa a operar quatro vôos diários na ponte aérea Rio/São Paulo -ela tem autorização para outros seis.
Os aviões, sete A330-200 (de 253 assentos, usado em vôos internacionais), 14 A319 (124 lugares) e sete A320 (150 passageiros), chegam a partir de 2009. O investimento foi de US$ 2,5 bilhões. São aviões para serem usados em rotas muito demandadas pelos passageiros.
De acordo com Efromovich, 20% do financiamento dos aviões será com recursos próprios e o restante está sendo negociado com o Banco Mundial e com a Corporação Andina de Fomento.

A OceanAir também quer expandir sua malha internacional -vai pedir autorização para voar para Buenos Aires, na Argentina, além de Madri e Lisboa, entre outros destinos.
Até começar a receber os aviões, o executivo afirmou que pretende usar aviões que eram operados pela BRA (a companhia já fechou contratos para três aviões com as empresas donas das aeronaves). Também vai tentar conseguir outras aeronaves no atualmente concorrido mercado internacional de leasing para já dar início à expansão da malha da OceanAir.
Para a fabricante, o anúncio é uma vitória, já que acontece após o acidente da TAM com o A320, mesmo modelo adquirido pela OceanAir. A Airbus tem 52% do mercado mundial de aviões até agora neste ano, que deve ser o melhor da história em número de aeronaves comerciais encomendados.
Efromovich, visto como influente junto ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou a compra em meio a críticas de que o duopólio formado pela TAM e pela Gol prejudica o consumidor.
Anteontem, Jobim afirmou que o Ministério da Defesa irá investigar se as empresas aéreas estão utilizando o cancelamento de vôos de forma estratégica para guardar "na gaveta" as concessões de horário de transporte aéreo e impedir a entrada de outras empresas e a livre concorrência no setor.
"Graças a Deus as autoridades acordaram para o problema de manipulação de "slots" [autorizações de pousos e decolagens nos aeroportos]. Eu espero uma distribuição mais equitativa", afirmou Efromovich.
O empresário, que investe pesado em áreas que dependem de concessão do governo, como a de exploração de petróleo, diz que o ambiente para seus negócios melhorou durante a administração petista.
A OceanAir é vista como uma possibilidade de "terceira força", mas o sucesso da empreitada de Efromovich divide a opinião do mercado.
De um lado, a avaliação é que Efromovich está disposto a investir e tem condições para tanto. Além disso, a OceanAir tem o governo ao seu lado e a demanda de passageiros está em crescimento, apesar da crise aérea -até outubro a alta foi de 10,6% em relação a 2006.
Por outro lado, TAM e Gol possuem encomendas pesadas de aviões para os próximos anos. A primeira, com uma frota de 111 aviões, espera operar 147 aviões em 2012 (já descontados os que serão devolvidos ou substituídos). A segunda, com uma frota de 103 aviões (incluindo Varig), prevê receber outros 40 aviões até 2012.
Para um analista, que não quis se identificar, não há demanda para tantas aeronaves, e a pergunta é se a OceanAir terá como bancar um diferencial competitivo para conquistar mercado, já que TAM e Gol também estão capitalizadas.
Ontem, Efromovich afirmou que os aviões da companhia, que deve ter prejuízo de entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões neste ano, terão poltronas largas e mais espaço para as pernas. A avaliação é que, para conseguir cumprir seus planos, a OceanAir precisará se reestruturar, elevando a eficiência.


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