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PENTE FINO
Contribuintes têm gasto no cartão incompatível com a renda; 10 mil são suspeitos de omitir informações sobre imóveis
Receita vai apertar o cerco a sonegadores
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No início de 2004, a Receita Federal pretende intimar vários
contribuintes por omitirem informações sobre a compra de imóveis e o recebimento de aluguéis,
além daqueles que movimentaram valores incompatíveis com
suas rendas no cartão de crédito.
No primeiro caso, cerca de 10 mil
contribuintes estão sob suspeita.
O secretário-adjunto da Receita,
Paulo Ricardo Cardoso, disse que
os dados preliminares sobre a
movimentação com cartões de
crédito -que a Receita recebeu
em outubro- mostram que algumas pessoas que se declaram
isentas de Imposto de Renda movimentaram mais de R$ 50 mil
por mês até junho deste ano.
De acordo com Marcelo Fisch,
coordenador de Fiscalização da
Receita, houve quem movimentasse R$ 300 mil por mês no cartão de crédito.
As estimativas da Receita, antes
da entrega das informações,
apontavam para uma movimentação geral de R$ 200 bilhões por
ano de 40 milhões de cartões. O
gasto médio mensal por pessoa
seria de R$ 450.
Em 2003, a Receita criou uma
declaração anual para informações imobiliárias e estipulou que
semestralmente as administradoras de cartão de crédito terão de
enviar dados sobre as compras
mensais acima de R$ 5.000.
No caso das informações sobre
imóveis, as primeiras são de 2002,
as intimações serão feitas para esclarecer por que alguns contribuintes declaram não ter renda,
mas possuem vários imóveis.
"Encontramos um contribuinte
com 32 imóveis em São Paulo. Na
declaração dele não aparece nenhum rendimento de aluguel,
embora as administradoras de
imóveis declarem ter recebido comissão", contou Cardoso.
Fisch disse que foram entregues
20 mil declarações de empresas
sobre imóveis. Mas em São Paulo
cerca de mil empresas que tiveram faturamento em 2002 não
apresentaram a declaração.
Essas empresas também terão
que se explicar. Cardoso disse que
a declaração de imóveis é necessária porque a Receita já possui dados dos cartórios. "Mas algumas
pessoas demoram cinco anos para registrar uma operação."
Em cinco anos termina o prazo
da Receita para autuação.
Sobre as operações com cartão
de crédito, Cardoso disse que, como aconteceu com os dados da
CPMF, as movimentações de
grandes valores devem estar sendo feitas por "laranjas" (pessoas
que voluntariamente ou não
agem por outras pessoas).
A Receita continuará atuando
sobre profissionais liberais, diretores de empresas e pessoas que
remetem dinheiro para o exterior
por meio das contas de não-residentes. "Não é para deixar as pessoas em estado de tensão, mas
queremos identificar a capacidade contributiva de cada um", disse Cardoso.
No caso dos profissionais liberais, o problema está em variações
patrimoniais expressivas sem a
declaração de rendimentos correspondente.
Cardoso explicou que alguns
profissionais, como dentistas e
médicos, abatem gastos com leasing (aluguel) de automóveis, alegando que o carro é essencial para
o trabalho. "Se fosse assim, qualquer pessoa poderia fazer a dedução, mas não pode", disse.
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