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PRIVATIZAÇÃO
Ágio em relação ao preço inicial foi de 29%; aquisição consolida liderança da instituição no setor privado
Bradesco compra banco do CE por R$ 700 mi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ON LINE
O BEC (Banco do Estado do
Ceará) foi vendido ontem ao Bradesco por R$ 700 milhões. Foi a
segunda privatização do governo
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva -a primeira havia sido a de
outro banco estadual, o do Maranhão, no ano passado.
Assim como as privatizações de
outros bancos estaduais, a venda
do BEC estava prevista desde o
governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), como parte do
acordo de renegociação das dívidas do Ceará.
O preço mínimo do BEC estava
fixado em R$ 542,721 milhões -o
ágio foi, portanto, de 28,98%.
Além do Bradesco, se inscreveram no leilão Itaú, Unibanco e GE
Capital. Porém, apenas Bradesco
e GE Capital chegaram a apresentar lances.
Com a aquisição do banco cearense, o Bradesco consolida sua liderança entre os instituições financeiras privadas do país, à do
Itaú e do Unibanco.
Apesar de ter uma participação
relativamente pequena no sistema financeiro nacional, o BEC
responde por 19,49% das agências
bancárias instaladas no Ceará. A
instituição possui ainda cerca de
278 mil contas.
Saneamento
Ao longo do processo de saneamento do BEC, iniciado em 1998,
o governo federal injetou R$ 985
milhões no banco. Após a venda
de ontem, restam outros dois
bancos estaduais -de Santa Catarina e do Piauí- para serem
privatizados. Nesses casos, o processo de venda está parado por
causa de decisões judiciais.
A privatização do BEC também
foi alvo de uma longa disputa na
Justiça, em que se questionava aspectos como a possibilidade de o
banco vencedor do leilão continuar gerenciando a conta única
ou a folha de pagamentos do governo do Ceará.
Decisão da vice-presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
Ellen Gracie Northfleet, encerrou
ontem um vaivém de liminares
sobre a privatização do BEC e permitiu que o leilão ocorresse.
A privatização havia sido liberada pelo presidente do STF, Nelson
Jobim, em 13 de outubro, e confirmada pelo plenário do tribunal.
Mas na última segunda-feira o leilão foi suspenso por liminar do
ministro Marco Aurélio de Mello,
relator de ação iniciada pelo sindicato dos bancários do Ceará.
Ellen Gracie apreciou ontem
um recurso da Advocacia Geral
da União. A ministra, que está trabalhando no plantão de recesso
do tribunal, cassou a decisão de
Marco Aurélio e restabeleceu a liminar de Jobim.
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