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Equipe econômica fala de vantagens do novo mínimo
Planejamento e Fazenda minimizam derrota e elogiam mecanismo fixo de reajuste
Mas regra para reajustes futuros atrelada a variação passada do PIB não tem valor legal e será negociada todo ano no Congresso
LEANDRA PERES
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de ser forçada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a aceitar o reajuste do salário mínimo de R$ 350 para R$
380 no ano que vem, a equipe
econômica passou o dia de ontem tentando fazer a derrota
parecer vitória.
Num discurso ensaiado de
antemão, os ministros Guido
Mantega (Fazenda) e Paulo
Bernardo (Planejamento) tentaram minimizar o impacto do
aumento para se concentrar
nos ganhos que o governo terá
com a definição de uma regra
de reajuste que valerá até 2011.
"Essas fofocas aí [de derrota
da equipe econômica], não temos que ficar nos pautando por
isso. A grande vantagem é que
fizemos um acordo de longo
prazo que permite ter uma previsibilidade grande, total, do
que vamos fazer nesse período", disse Bernardo.
Em entrevista coletiva para
anunciar a redução da TJLP
(Taxa de Juros de Longo Prazo), o ministro Mantega fez coro. "Aqui [no governo], ninguém ganha ou perde. Defendemos nossas opiniões, depois
a decisão é do presidente. O
acordo foi interessante para os
trabalhadores e para a União."
O pacto selado pelo ministro
Luiz Marinho (Trabalho) na
madrugada de quarta-feira
com as centrais sindicais aumenta o mínimo de R$ 350 para R$ 380 em abril, acima dos
R$ 367 que a equipe econômica
defendia e até mesmo dos R$
375 que constavam do projeto
de Orçamento para 2007. Além
disso, corrige a tabela do IR
(Imposto de Renda) em 4,5%
até 2010, também além dos 3%
defendidos pelos ministros da
Fazenda e do Planejamento.
A regra de reajuste prevê que,
de 2008 a 2010, o mínimo seja
reajustado com base na inflação mais a variação do PIB de
dois anos antes.
Apesar de apostarem na previsibilidade que o acordo dará
aos gastos do governo, não há
nenhuma garantia de que esses
critérios serão aplicados a partir de 2008. Segundo Bernardo,
o governo vai assinar um documento com as centrais sindicais, mas sem força legal.
Para garantir que a regra seja
cumprida, o governo terá que
conseguir a cada ano a aprovação dos percentuais desejados
pelo Congresso -isso, é claro,
se Lula não optar por conceder
reajustes maiores. "O governo
não concordará em reabrir a
discussão, seja lá quais forem
os resultados. Esse é o teto, não
tem mais negociação no futuro", disse Mantega. Em novembro, ele dizia que não haveria
correção da tabela do IR.
O reajuste maior do mínimo
fez atrasar o anúncio do pacote
que o governo prepara desde
novembro para estimular a
economia. De acordo com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, o presidente
Lula quis mais detalhes do pacote. "[Lula] acha que a abertura de um governo com medidas
substanciais para o futuro deve
ter muita coerência, muita solidez e tratadas com muita responsabilidade, embora algumas possam ser polêmicas."
Mantega, de quem o presidente chegou a cobrar ousadia
no pacote, disse que Lula ficou
satisfeito com as propostas.
Mas admitiu que as novas medidas obrigarão a equipe econômica a refazer as contas.
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