São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

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Reajuste injeta mais R$ 16,8 bi na economia

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um aumento de R$ 30 no salário mínimo significaria R$ 16,8 bilhões a mais ao ano na economia brasileira, de acordo com cálculo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).
Com exceção de regiões como Norte e Nordeste, onde o mínimo tem participação maior na renda, a avaliação de economistas é que esse montante a mais, que é equivalente a 0,73% do PIB (Produto Interno Bruto), beneficiará a atividade econômica, mas no curto prazo, e não em grande escala.
Maior salário dinheiro quer dizer mais consumo, o que é positivo para a economia, mas analistas afirmam que, no médio prazo, o efeito positivo tende a desaparecer.
Isso porque, se gasta mais com o aumento do mínimo, o governo tem de equilibrar suas contas investindo menos, ou tendo menos espaço para cortes de impostos. "O efeito é ruim. Para um país endividado como o Brasil, um reajuste real do mínimo significa menor crescimento e, portanto, menos empregos gerados no futuro", analisa Roberto Padovani, da consultoria Tendências.
Por outro lado, quem defende o aumento argumenta que a arrecadação vai crescer. "A estimativa é que a arrecadação tributária sobre o consumo seja R$ 4,1 bilhões maior com o aumento do mínimo", diz Fausto Augusto Jr., técnico do Dieese.
Para Marcio Pochman, economista da Unicamp, o aumento não traz grandes impactos na atividade econômica, mas pode evitar um crescimento ainda menor do que o observado neste ano, por exemplo. Ele lembra que o impacto do aumento do mínimo será menos significativo do que em 2006: se em 2007 representará 0,73% do PIB, neste ano representou cerca de 1,15%.
"Cerca de 17% da alta na renda esperada para o ano que vem vai decorrer do aumento do mínimo. Não é um volume expressivo, mas não é desprezível", afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. "É importante ressaltar que esse aumento não pode ser um passaporte para o consumidor aumentar o seu endividamento", completa o economista.


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