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Área de lavoura cresce 83% em dez anos
Plantações ganham espaço de pastagens nas propriedades rurais; fronteira agrícola se expande sobre floresta no Norte
País tinha no ano passado 1,2 bilhão de aves e 169 milhões de bovinos, diz Censo Agropecuário há muito aguardado pelo setor
PEDRO SOARES
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
As propriedades rurais brasileiras passaram a destinar porção maior de suas terras para as
lavouras, enquanto reduziram
a área da pecuária. É o que revelam os primeiros dados divulgados do Censo Agropecuário
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Em todo o país, a área de lavouras cresceu 83,5% de 1996
para 2006. Já os pastos caíram
3% no mesmo intervalo.
O Censo é muito aguardado
pelo setor para mapear as enormes mudanças na agropecuária
desde o último levantamento,
de 1996. A falta de informações
dificultava a tomada de decisões dos investidores.
Segundo o coordenador do
Censo Agropecuário, Antonio
Carlos Florido, o avanço tecnológico foi decisivo para o processo de realocação do uso do
solo no país. "Hoje, a criação de
gado é muito mais eficiente. É
preciso uma área menor de
pastagens", disse. Da área total
das propriedades, 50,3% eram
de pastos em 1996. O percentual baixou para 48,6% em
2006. No caso das lavouras, subiu de 11,8% para 28,1%.
Mesmo com a crescente mecanização das lavouras, diz Florido, as áreas voltadas para o
plantio cresceram com a expansão da fronteira agrícola,
especialmente no Norte e no
Centro-Oeste do país.
Na região Norte, as áreas de
lavouras aumentaram 275,6%
de 1996 a 2006. O uso da terra
para a produção de grãos e outros tipos de plantio ainda é relativamente baixo, mas saltou
de 3,4% da área total das propriedades rurais em 1996 para
11% dez anos mais tarde.
No Centro-Oeste, passou de
6,1% para 12,9%. Nas demais
regiões, também houve alta. No
Sul, chegou a 39,4% em 2006.
"Houve um avanço da fronteira agrícola para a região Norte, e o que os números indicam
é que as lavouras passaram a
ocupar o espaço das florestas."
Segundo o IBGE, a proporção de áreas das propriedades
rurais destinadas às matas e
florestas na região Norte caiu
de 44,1% para 39%. Considerando todo o país, o percentual
subiu de 26,7% para 28,1%.
De 1996 a 2006, as matas e
florestas nas propriedades
agropecuárias subiram 6% e
chegaram a 99,9 milhões de
hectares. Não foram contabilizadas reservas naturais, parques e reservas indígenas.
Na repartição do solo brasileiro, a maior parte das áreas
ocupadas é reservada às pastagens: 172,3 milhões de hectares, seguido por matas e lavouras (76,7 milhões de hectares).
Segundo Florido, os dados de
florestas correspondem tanto
às matas nativas quanto às reflorestadas -utilizadas para
produção de toras de madeira,
carvão e celulose. No Norte e
Centro-Oeste, a maior parte é
original. No Sul e Sudeste, predomina o reflorestamento com
fins comerciais, diz o IBGE.
O plantel brasileiro de aves
teve crescimento agudo nos
dez anos, de 73,2%, chegando a
1,244 bilhão. Já o rebanho de
bovinos cresceu 11% e atingiu
169 milhões de cabeças. Florido
disse, porém, que esse número
deve aumentar, pois 3.000
grandes pecuaristas não foram
ouvidos ainda pelo IBGE porque vivem longe das fazendas
onde criam gado.
"O total deve chegar perto de
180 milhões. É possível que tenhamos um boi para cada habitante", afirmou Florido. Já o
contingente de suínos subiu
14,9% e somou 31,9 milhões.
Nessa primeira divulgação, o
IBGE não informou os dados
sobre a produção agrícola.
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